Os médicos que me aguardem! (I)

Aproveitando uma ida à Salvador para revisão médica que ainda farei, não terei como não visitar a Unidade de Cardiologia onde estive em setembro de 2005, no Hospital Universitário Professor Edgard Santos, popularmente “Hospital das Clínicas”, enorme, uma cidade de doentes e curados, de médicos e estudantes, de enfermeiras e de auxiliares de enfermagem e de todo aquele amor ao próximo. E como foi divertido e bom para minha saúde e humor ter estado lá na capital da Bahia por quase um mês, internado, e que deveria ter sido pelo menos um ano.

No dia 11 de junho estarei lá, não propriamente no HUSPE, mas no anexo Magalhães Neto onde fazem os exames de revisão pós-operatórios. E os médicos que me aguardem! Farei de tudo para convencê-los a me internar pelo menos uma semana para que eu possa matar as saudades! Embora que o meu cardiologista, em exame feito neste dia 11 de maio, tenha me dito que posso morrer de qualquer outra coisa, mas não do coração, mesmo com uma válvula metálica implantada!

O que me faz sentir saudades do hospital não é aquele ambiente de gente de cara triste, imaginando que estão na fila de um abatedouro preste a ser sangrado, morto e sepultado. “Cruz credo”, diria minha avó. O hospital, pelo menos para mim, foi uma férias diferente com direitos a mordomias que hotel cinco estrelas não oferece. A exemplo, enfermeiras para me dar banho!!! E olha que é hospital do SUS... Um dia meu cardiologista, que foi diretor regional de saúde, me disse ao ser entrevistado por mim, que sou jornalista, ser o Sistema único de Saúde do Brasil um dos melhores planos de saúde do mundo. Ri na ocasião!

Mas é uma verdade. O SUS por ter uma grande demanda de procura criou uma imagem de ineficiência, mas quando o “felizardo” paciente consegue vencer o afunilamento das marcações de consultas, verifica que está em boas mãos, ainda mais em um hospital escola, onde a grande diversão de um bom paciente é ser entrevistado pelos médicos alunos. Chegam em bando, olham nos olhos dos pacientes, se acomodam em volta do leito e fazem perguntas engraçadas: “O senhor vai ao banheiro direitinho?”, Claro! Eu respondia lembrando que mesmo com a luz apagada iria apalpando a parede até chegar direitinho ao banheiro.

Houve um aluno, tímido, que me perguntou: “Seu cocô está de boa aparência?” O perguntei o que era “cocô de boa aparência” e ele me explicou que era quando as fezes estão clarinhas. Ameacei-lhe denunciar por racismo! (risos) Mas o mais engraçado foi no dia em que os alunos(as) já se despediam e eu os fiz voltar, já que não haviam completados as perguntas. “Vocês não me perguntaram se eu tinha relações sexuais na adolescência!” Disse-lhes. Então reconheceram o erro e explicaram que existem pacientes que se impacientam com estas perguntas. Então questionaram: “O senhor praticava sexo na adolescência?” Olhei sério para eles e respondi que sim e “com cinco de uma vez”. A maioria pegou na hora o sentido dos cinco da resposta. Mas uma aluna loirinha ficou sem entender, e perguntou: “E dava conta das cinco?”.

Reiterando: Os médicos que me aguardem, mas um dia eu volto a ser internado!

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(*) Seu Pedro é Pedro Diedrichs – Jornalista editor do jornal Vanguarda – Guanambi/Bahia

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