O ÓCIO DAS TEORIAS

Eu já vi de tudo um pouco. Mas, igual às teorias de um ilustre colega de Academia, jamais! Imagine uma pessoa que vive exclusivamente para economizar o seu rico dinheirinho (entenda-se por “Nonô Correia”), bolando as mais fantásticas estratégias para pô-las em prática e, ainda por cima, sair divulgando-as, orgulhosamente!

É o caso dele. A primeira grande teoria desse pensador contemporâneo é sobre como economizar gasolina, fazendo o mesmo percurso que todos nós. Segundo ele, basta você sair de casa um pouco mais tarde e voltar da faculdade um pouco mais cedo.

Como? Simples: saindo mais tarde, evita-se o congestionamento do horário de pico da manhã e evita-se, também, o transporte de caronas. Na volta procede-se da mesma forma. Resultado? O carro anda em quinta marcha (sem o congestionamento), anda leve (sem a presença do carona), consequentemente, o sistema de alimentação não precisa trabalhar forçando o motor a produzir mais energia do que o necessário. Na volta, a mesma coisa. O detalhe significante é o estacionamento do veículo: ele deve ficar na entrada da Academia. Isso faz uma enorme diferença num período de um ano, já que o bloco dele é o último do complexo. No final de um ano, além de não precisar pagar para fazer exercícios diários (ida e volta da entrada: 200 metros). Calculando a economia, fica em torno de 4 litros de gasolina/ano, além de manter o físico em boa forma.

O problema é que, cada vez mais, o ilustre “teorista” experimenta uma nova maneira de economizar. Outro dia, ele nos abordou dizendo que tinha descoberto uma maneira de além de economizar no já habitual percurso e no estacionamento, ainda poderia economizar a grande quantidade de 26,6 litros até o final do ano. Fiquei curioso, é claro! A fórmula é muito simples: vem de carro até a Cobal e de lá para a Universidade, apela para a carona. E mostrou, matematicamente, a economia dessa grande teoria. Só para ver a sua reação, eu perguntei se ele não tinha medo de que outras pessoas tivessem adotado a teoria do sair mais tarde e voltar mais cedo. Uma figura!

Final de semana é uma aventura. O percurso é todo planejado - já que o valor no posto de combustível é o mesmo: cinco reais. É claro que existem os percalços. Outro dia, ele chegou com cara de poucos amigos devido à perda de um namoro. O incidente foi ocasionado porque ele não previu, em sua volta, a passagem por uma lanchonete. Resultado: para não ficar sem gasolina, foi obrigado a mandar a namorada de moto-táxi para casa e, pior, ela teve que pagar pela corrida. Quer dizer, não tem namoro que resista a um acontecimento desses. Mas ele já se recuperou.

Recentemente ele participou do Intercom (Congresso de Comunicação Social), em Brasília. Para começo de conversa, conseguiu as passagens através de uma promoção, onde a passagem custava apenas um real. Uma pechincha! Recebi, através de e-mail, a seguinte correspondência do mesmo:

“Amigo Raimundo, Brasília é cidade de ricos. Só quem pode viver aqui são mesmo os Deputados e os Senadores. É tudo caro! Imagine você que tentei almoçar num restaurante e o prato feito (o famoso PF) custava a bagatela de vinte cinco reais! É claro que nem entrei. Descobri no restaurante da UnB o lugar ideal: almoço de dois reais (menos opções) e quatro reais (mais opções). O que adotei? Menos opção, evidente! O melhor é que você pode repetir o prato. Inteligentemente, ingeria a maior quantidade possível de alimentos (adotei o costume dos Australophitecus), empurrado de goela abaixo por um suco de morango (à vontade), evitava queimar muita caloria durante o dia e, ainda de quebra, pegava os saquinhos que cobriam os talheres, enchia de suco, botava no freezer da Universidade, transformava em dindin e passava as tardes saboreando-os, enquanto assistia às palestras. No resto, tudo em paz, e o melhor: dos cinquenta reais que levei ainda me restam trinta e cinco. Abraços!”

Como veem, existe de tudo neste mundo velho de Deus.



 

Obs. Imagem da internet
Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 14/05/2007
Reeditado em 06/02/2012
Código do texto: T487082
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