IGUALDADE. VALOR ABSOLUTO.

Lacan, o grande investigador da alma passou aos seus discípulos, o que seja núcleo da externação humana, seu processo volitivo. Nele a mentira pessoal faz de muitos prisioneiros, reféns, como uma senhora que me pediu ajuda, e parâmetros de como se colocar diante dos mentirosos. Mas não só os que mentem para terceiros, inclua-se os que mentem para si mesmos. Esse o nefasto mal.

Disse a senhora com razão, que ao escrever encetamos uma viagem interior. Entendia que a felicidade estava no exercício real de conseguir tocar o coração das pessoas. E não admitia mentiras em interlocução, mentiras visíveis ou crentes na própria descrença quando deixa exposta a dúvida sobre o que diz. Disso muito se vê, seu nome é insegurança.

Perfeita a cerebração da senhora, viagem interior todos necessitam e devem iniciar se ainda assim não fizeram. É mesmo terapêutico, a tal vontade de escrever, tão na moda com a internet, fere este núcleo.

Mas que ela seja real, para que toque o coração dos outros e não minta nem a si mesmo. O processo da crítica é complexo, precisamos criticar permanentemente o que pensamos, muito mais o que escrevemos, pois fica registrado.

É impositivo também lembrar o lado bom não só de escrever profissionalmente ou por distração, como na internet, mas saber que a proposição deve ser necessariamente que ao escrevermos nossas ideias estão em ordem e com clareza, mas acima de tudo afinadas com a verdade, nossa verdade, ainda que se mostre o “eu”, quem eu sou, o que faço, o que fiz, o que espero fazer, e principalmente o que posso escrever com proficiência.

Se escrevemos é para memorizar e registrar para nós e outros, posições em ordem, nunca em desacordo e enfileirados na desordem intelectual e enfrentando as conquistas da humanidade, os valores absolutos, nesta toada, e desse passo, militamos contra nós mesmos, e o pior, não percebemos. Se combato a igualdade estou combatendo meu próprio direito.

Escrever deve ser processo intimista que reeduca a atenção conosco e com o mundo, e resulta da interiorização já formada, comunicada através da profissão ou em qualquer espaço, mesmo e mais na internet, altamente difusa.

Só se deve escrever, principalmente orientando, se podemos, quando as ideias estão ordenadas, e para tanto devem ser fundamentadas na verdade pessoal, que não viole o que em termos de universalidades foi assentado sem contraditórios , mesmo que haja legítima dicção na formação. Errar é humano, equivocar-se mais ainda, mas nunca violar em “ideia” valor absoluto.

Sem tal sinalização, desordenadas as ideias sobre seu “eu” e sua vida, no mar revolto da sociedade, passa-se da singela didática construtiva para a didática do erro e ingressamos, em lógica, na inversão do processo dogmático-didático. Conduzir-se contra o absolutamente claro é a pior das “atividades”. Mente para si mesmo, negando as mais singelas conquistas, quem viola a nossa origem da inteligência concedida.

Escrever, principalmente na internet, é uma forma de chegar aos mais diferentes tipos de pessoas, permitindo que possamos nos identificar, independente de “posição social, credo, raça, idade ou sexo.”, e por isso as ideias expostas devem estar ordenadas antes na suprema virtude da verdade, base de tudo.

A célebre equação confuciana que transcrevo, se não tivesse como suporte a certeza dos valores absolutos, não seria a perfeição da correta virtude.

“Os antigos que desejavam dar exemplo da virtude ilustre em seu reino, começaram por bem ordenar seus próprios Estados. Desejando ordenar bem seus Estados ordenaram primeiro suas famílias. Desejando ordenar suas famílias, cultivaram antes suas pessoas. Desejando cultivar suas pessoas, corrigiram seus corações. Desejando corrigir seus corações, primeiro trataram de ser sinceros em seus pensamentos. Desejando ser sinceros em seus pensamentos, primeiro ampliaram ao máximo o seu conhecimento. Sendo completo seu conhecimento, seus pensamentos foram sinceros. Sinceros que foram seus pensamentos, seus corações corrigiram-se. Corrigidos seus corações, suas pessoas foram cultivadas. Cultivadas que foram suas pessoas, ordenaram-se-lhes as famílias. Ordenadas suas famílias, foram justamente ordenados seus Estados.”

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/07/2014
Reeditado em 05/07/2014
Código do texto: T4870483
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