Uma Questão de Fidelidade...
Uma pessoa comum, vivendo uma vida comum, uma classe social comum... Mas com a sexualidade à flor-da-pele... Lutava bravamente contra seus instintos, no contraponto de uma educação dentro dos dogmas cristãos, dentro dos princípios dos mores... Mas não encontrava uma forma de ser fiel a estes princípios...
O amor em sua vida era forte, era chave-mestra de sua existência... Amava cada ser, cada cenário, da natureza...Via em qualquer situação uma condição para amar. Vivia surtada de amor e por isso mesmo a fantasia lhe contaminava, e a transmutava aos seus maiores e mais profundos fluxos de desejo...
Era muito difícil transportar todas aquelas torrentes para a sua realidade, seu íntimo... O seu prazer era a sua realidade... Sua e de todos os seres humanos, a primeira razão de viver... Vivia assim contemplando, sonhando... Estava sempre entregue... Totalmente entregue, ao amor, a fantasia e ao desejo... Ah! O prazer... Esta era a sua inesgotável fonte... Era feliz no faz-de-conta...
Mas destes sentimentos o desejo é justamente aquele que a todos atrai, mas trai... É justamente através do desejo que os princípios e convicções mais arraigadas, dançam... E como dançam...
Tudo isso considerando um contexto educacional dentro dos padrões de uma vida saudável, normal. Ou melhor, uma vida sem sérios bloqueios traumáticos, nem repúdios fanáticos... Condições de sentimentos e sensações humanas, que logo cedo se formam, se desenvolvem, em jogos e brincadeiras infantis...
O desejo surpreende a pobre psique (alma), a qual nunca está preparada para conte-lo... O desejo é de... Prazer... Fonte inesgotável de alegria, de felicidade. Sob quaisquer circunstâncias, busca-se o prazer... É programa inconsciente... (Teoria das Pulsões, texto freudiano “ Além do Princípio do Prazer e Para Além do Princípio do Prazer- 1920/1986 r). A capacidade de sentir prazer acompanha, o ser humano, até o último suspiro e o torna prazeroso... No estoicismo, nas últimas lembranças, nos pedidos e recomendações altruístas...
Vale salientar, que o estoicismo é objeto do prazer sob condições extremas ou não. É designação comum as doutrinas dos filósofos gregos Zenão de Cício (340-264) e seus seguidores Cleanto (Séc. III a. C.), Crisipo (280-208) e os romanos Epicleto (c. 55-c. 135) e Marco Aurélio (121-180), caracterizadas, sobretudo, pela consideração do problema moral. A ataraxia é considerada o ideal do sábio.Austeridade de caráter e impassividade em face da dor e do infortúnio.
Lembrando Fernando Pessoa... “Se tinha horas de imensa euforia.... A maior parte do tempo passava-o prostrado, numa ataraxia...”(João Gaspar Simões, Vida e Obra de Fernando Pessoa, p. 650).Esta descrição refere-se a um estado da alma, em que há equilíbrio e moderação na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais, atingindo um ideal supremo de felicidade...
Após essas divagações sobre sua excelência o prazer...
Aquela pessoa comum, não conseguia fidelidade no trato com seus princípios básicos de formação... Ia ao confessionário, falava e falava... Das suas labaredas, de seus impulsos apaixonados... Até quem a escutava se inquietava, e se impressionava, com tamanha voracidade pulsional... Receitas... Orações, banhos... Muitos banhos. O mais importante conselho que recebeu... “Case filha... Case-se com urgência...”
Casou-se... Mas no casamento não conseguiu ser suprida... Aquele seu par não era tão par assim... Estava mais para ímpar... Sofreu... Mas continuava a ser feliz, pois conhecia sua fonte inesgotável de prazer. E novamente solitária, percorria o mesmo caminho de sonhos... Amor a tudo e todos, fantasia –realidade concreta para quem crer- desejo alimentando, nada mais, nada menos que o... Prazer.
O tempo foi passando sua maturidade chegou... Por mais que procurasse suprir todo seu natural instinto, dentro de um contexto individual e abstrato, notara que após quinze dias, perdia sua seletividade...
Quando menos esperava estava cedendo a olhares e prenúncios de carícias, ainda que à distância, de qualquer um... Logo aqueles assédios “ encorajados” estariam marcando, com o fogo da paixão, a sua pele, que ardia e ardia... Ficou em pânico ao identificar o perigo, agora tudo estava fugindo ao seu controle no plano da realidade ao vivo e a cores...
A fidelidade aos seus princípios ( fidelidade a que?) e a fidelidade a seu companheiro (fidelidade a quem?), estavam desmoronando sobre si mesma, e os despojos deste desmoronamento, não eram outros, senão a sua culpa, muito sentimento de culpa...
A pobre criatura se sentia, literalmente como uma criatura, desprovida dos elementos humanizadores, cristãos que havia aprendido a respeitar... Pensava, em vão, em todos os sacramentos recebidos, todos os aconselhamentos...
Mas sua biologia, sua pulsão primitiva irrompeu soberana... Após quinze dias, perdia a seletividade e queria extravasar... Com quem?... Olhava o parceiro a dormir tranqüilo... Ela de repente não era mais ela...
Entrava no closet vestia um macacão preto de couro sobre a pele nua, delineando seu belo corpo. Atravessava o jardim, tirava a moto da garagem sem barulho, e adiante acelerava fundo... Cabelos loiros, brilhantes, soltos ao vento... E a luz do luar... Lua a testemunhar e a inspirar. Assistindo a tudo... À distância...
Uma aliança quebrada... Uma alma despida do senso de fidelidade. Vitória do desejo, o traidor daquela alma... De todas as almas... Pobres e prazerosas almas...
Ibernise .
Indiara (Goiás/Brasil), 12MAI2007.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998
Uma pessoa comum, vivendo uma vida comum, uma classe social comum... Mas com a sexualidade à flor-da-pele... Lutava bravamente contra seus instintos, no contraponto de uma educação dentro dos dogmas cristãos, dentro dos princípios dos mores... Mas não encontrava uma forma de ser fiel a estes princípios...
O amor em sua vida era forte, era chave-mestra de sua existência... Amava cada ser, cada cenário, da natureza...Via em qualquer situação uma condição para amar. Vivia surtada de amor e por isso mesmo a fantasia lhe contaminava, e a transmutava aos seus maiores e mais profundos fluxos de desejo...
Era muito difícil transportar todas aquelas torrentes para a sua realidade, seu íntimo... O seu prazer era a sua realidade... Sua e de todos os seres humanos, a primeira razão de viver... Vivia assim contemplando, sonhando... Estava sempre entregue... Totalmente entregue, ao amor, a fantasia e ao desejo... Ah! O prazer... Esta era a sua inesgotável fonte... Era feliz no faz-de-conta...
Mas destes sentimentos o desejo é justamente aquele que a todos atrai, mas trai... É justamente através do desejo que os princípios e convicções mais arraigadas, dançam... E como dançam...
Tudo isso considerando um contexto educacional dentro dos padrões de uma vida saudável, normal. Ou melhor, uma vida sem sérios bloqueios traumáticos, nem repúdios fanáticos... Condições de sentimentos e sensações humanas, que logo cedo se formam, se desenvolvem, em jogos e brincadeiras infantis...
O desejo surpreende a pobre psique (alma), a qual nunca está preparada para conte-lo... O desejo é de... Prazer... Fonte inesgotável de alegria, de felicidade. Sob quaisquer circunstâncias, busca-se o prazer... É programa inconsciente... (Teoria das Pulsões, texto freudiano “ Além do Princípio do Prazer e Para Além do Princípio do Prazer- 1920/1986 r). A capacidade de sentir prazer acompanha, o ser humano, até o último suspiro e o torna prazeroso... No estoicismo, nas últimas lembranças, nos pedidos e recomendações altruístas...
Vale salientar, que o estoicismo é objeto do prazer sob condições extremas ou não. É designação comum as doutrinas dos filósofos gregos Zenão de Cício (340-264) e seus seguidores Cleanto (Séc. III a. C.), Crisipo (280-208) e os romanos Epicleto (c. 55-c. 135) e Marco Aurélio (121-180), caracterizadas, sobretudo, pela consideração do problema moral. A ataraxia é considerada o ideal do sábio.Austeridade de caráter e impassividade em face da dor e do infortúnio.
Lembrando Fernando Pessoa... “Se tinha horas de imensa euforia.... A maior parte do tempo passava-o prostrado, numa ataraxia...”(João Gaspar Simões, Vida e Obra de Fernando Pessoa, p. 650).Esta descrição refere-se a um estado da alma, em que há equilíbrio e moderação na escolha dos prazeres sensíveis e espirituais, atingindo um ideal supremo de felicidade...
Após essas divagações sobre sua excelência o prazer...
Aquela pessoa comum, não conseguia fidelidade no trato com seus princípios básicos de formação... Ia ao confessionário, falava e falava... Das suas labaredas, de seus impulsos apaixonados... Até quem a escutava se inquietava, e se impressionava, com tamanha voracidade pulsional... Receitas... Orações, banhos... Muitos banhos. O mais importante conselho que recebeu... “Case filha... Case-se com urgência...”
Casou-se... Mas no casamento não conseguiu ser suprida... Aquele seu par não era tão par assim... Estava mais para ímpar... Sofreu... Mas continuava a ser feliz, pois conhecia sua fonte inesgotável de prazer. E novamente solitária, percorria o mesmo caminho de sonhos... Amor a tudo e todos, fantasia –realidade concreta para quem crer- desejo alimentando, nada mais, nada menos que o... Prazer.
O tempo foi passando sua maturidade chegou... Por mais que procurasse suprir todo seu natural instinto, dentro de um contexto individual e abstrato, notara que após quinze dias, perdia sua seletividade...
Quando menos esperava estava cedendo a olhares e prenúncios de carícias, ainda que à distância, de qualquer um... Logo aqueles assédios “ encorajados” estariam marcando, com o fogo da paixão, a sua pele, que ardia e ardia... Ficou em pânico ao identificar o perigo, agora tudo estava fugindo ao seu controle no plano da realidade ao vivo e a cores...
A fidelidade aos seus princípios ( fidelidade a que?) e a fidelidade a seu companheiro (fidelidade a quem?), estavam desmoronando sobre si mesma, e os despojos deste desmoronamento, não eram outros, senão a sua culpa, muito sentimento de culpa...
A pobre criatura se sentia, literalmente como uma criatura, desprovida dos elementos humanizadores, cristãos que havia aprendido a respeitar... Pensava, em vão, em todos os sacramentos recebidos, todos os aconselhamentos...
Mas sua biologia, sua pulsão primitiva irrompeu soberana... Após quinze dias, perdia a seletividade e queria extravasar... Com quem?... Olhava o parceiro a dormir tranqüilo... Ela de repente não era mais ela...
Entrava no closet vestia um macacão preto de couro sobre a pele nua, delineando seu belo corpo. Atravessava o jardim, tirava a moto da garagem sem barulho, e adiante acelerava fundo... Cabelos loiros, brilhantes, soltos ao vento... E a luz do luar... Lua a testemunhar e a inspirar. Assistindo a tudo... À distância...
Uma aliança quebrada... Uma alma despida do senso de fidelidade. Vitória do desejo, o traidor daquela alma... De todas as almas... Pobres e prazerosas almas...
Ibernise .
Indiara (Goiás/Brasil), 12MAI2007.
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