É O QUE IMPORTA
Tarde de domingo, logo após o almoço, poucas novidades eu esperava, além do fato (que eu já sabia de antemão) da volta de meu filho e nora para a residência, em outra cidade. Nada era novo, portanto.
Temos o hábito de acompanharmos filho e nora até a garagem do prédio, em família, para os últimos abraços e beijos repetidos, repetidos, repetidos tantas e quantas vezes forem possíveis. Vamos todos, em comitiva até a garagem.
Aguardávamos o elevador, quando ouvimos o interfone chamando e meu marido o atendeu, antes que chegasse o elevador. Grata surpresa, era minha amiga Cristina. Dessas amigas que já nem sabemos se são amigas ou irmãs transmutadas. Trinta e oito anos de amizade pura sem cobranças, tampouco obrigações ou exigências fora de hora. Somos amigas e isso nos basta.
Evidentemente, voltamos todos da porta do elevador para dentro de casa, felizes com a visita inesperada, ela sempre avisa que vem, mas desta vez pretendia surpreender. É uma pessoa que traz luz e nos ilumina. Ah, se todos fossem iguais a Cristina, assim deveria ter dito o poeta.
Entrou com seus olhos de contas azuis, sorriso largo e a alegria estampada no rosto. Sentamo-nos na sala e nos disse coisas tão maravilhosas, que pareciam recados de Deus pela voz de um Anjo Bom. Não é a primeira vez que faz isso e espero que assim continue até que Deus nos permita.
Como de hábito, trouxe mimos para todos nós. Sabe das preferências de cada um. Para mim, dois CDs com músicas escolhidas a dedo, conhece meu gosto musical e de meu marido.
Assim escreveu a dedicatória “Para Dalva e Luiz, coisas que ajudam a gente a viver”, músicas que encantam. No cartão da garrafa de vinho, dizia “para embalar lindos momentos”. Para os filhos e nora, palavras de suas particularidades, que aqui não me cabe revelar.
O que cabe e revelo é que a tarde anunciava-se triste e monótona, entretanto, transformou-se em bela e feliz. Digo ainda que quem tem amigo verdadeiro não corre o risco de anoitecer em nuvens cinzentas.
Ela também foi até a garagem, para os abraços repetidos, repetidos, repetidos, desta vez, porém, o momento de despedida teve mistura com alegria.
Eis a crônica simples de um domingo, no qual o que realmente importa é a família e a amizade verdadeiras. Penso que meus filhos (agora são três) sabem bem essa lição que a eles ensinamos desde sempre.
Talvez não dê índices altos de leitura escrever sobre este tema, todavia, repito, é o que importa verdadeiramente.
04.07.2014
21:38