O dissabor da tranquilidade (crônica 1)
 
    A mãe, bem cedo, levantou, preparou o café da manhã e foi chamar o João, filho único, para se arrumar, tomar o café e ir para a escola.
     O dia começou bem, sem problema algum. A família de João era simples, povo comportado e financeiramente estável. O filho estudava em uma escola particular, possuía grandes amizades, era popular aos olhos dos pais e nada os preocupavam.
    Como de costume a mãe fez todo o serviço da casa, fez o almoço para esperar o filho e o esposo. A dona de casa fazia tudo com excelência, não havia preguiça e muito menos desleixo. O filho logo chegou, almoçou junto com os pais e disse que precisava sair porque ia fazer um trabalho da escola com um colega.
     Logo, a mulher tirou a mesa do almoço, despediu o filho sem questionar a que horas iria voltar, o esposo saiu para o trabalho, despediram-se e ela foi terminar os afazeres da casa.
     Passada algumas horas, a mulher liga o rádio, sentada tranquilamente no sofá de sua linda e aconchegante sala, pega seus crochês e inicia um lindo trabalho. E naquele instante, ouve uma noticia em que dois jovens haviam assaltado uma loja no centro da cidade, mas a policia havia os capturado, a mulher continua seu trabalho indiferente com a reportagem. Ligou para o esposo, compartilhou o que tinha ouvido e ainda fizeram um comentário sobre a displicência dos pais em relação aos filhos.
    A mulher tranquila pensava e falava sozinha: tenho um marido feliz no seu trabalho, um filho comportado e estudioso, uma casa simples, porém com tudo que preciso. Mas a mulher não esperava que não há bem algum nesse mundo, nem grandeza, ou gosto, que não venha acompanhada de algum dissabor.
    De repente a campainha da casa toca...
    O policial apenas disse:
    - Precisamos que a senhora nos acompanhe até a delegacia.
Valmir Silva
Enviado por Valmir Silva em 04/07/2014
Reeditado em 10/07/2014
Código do texto: T4869440
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