O QUE HÁ PARA VER ?!

(ATENÇÃO: esse texto se refere apenas ao período de 1987 a 94, ressaltando que muitos dos retratados MUDARAM ou abandonaram.)

O QUE HÁ PARA VER ?!

"LAMENTO (seu) EQUÍVOCO VG

TEMPO ME DARAH RAZÃO PT"

(meu telegrama para o presidente da

recém-fundada CBC, sobre a situação

da Capoeira em Belém, em 1993.)

Enfim, após 8 dias de "abstinência", volto à Internet, à Lanhouse da quadra próxima. Enquanto escritor, não me agrada ter que camuflar nomes, disfarçar fatos, apenas para não ser processado pelas pessoas presentes nas situações retratadas. Mas, os tempos mudaram e dá para entender a PRESSA com que o "vermes" de Brasília e essa "Madame Dilma" aprovaram a Lei da Mordaça, o "código de proteção" para patifes e calhordas, mais do que de defesa de corretos cidadãos.

Numa região onde se mata até sem motivos, junto o que me resta de coragem para publicar o que vi em escassos 7 ou 8 anos (1987/94) e algo do muito que ouvi falar. A razão principal é contrapor à imagem atual de "mestres-maravilhas" nas redes sociais e blogs, o comportamento e atuação dos mesmos quando pouco ou nada eram. Pessoas com quase nenhuma dedicação à Capoeira viraram magos e filósofos dela, com um Passado de construção e glórias (?!) que ninguém se preocupa em comprovar. Mas, o que havia para ver, ou melhor, o que EU NÃO QUIZ VER na Capoeira local daquela época... segundo "insinuação" em mensagem na Internet?!

Só se relata História com o uso de INTUIÇÃO e de DEDUÇÃO... preenchendo as lacunas e evitando as mentiras, "pedras" inevitáveis no caminho de qualquer pesquisador. Neste artigo seguem anexas 2 fotos, registros com 15 ANOS de distância entre êles, mas quase sem mudanças, com a mesma organização (?!) e igual comportamento por parte dos instrutores, ambos já com título de MESTRES, em tempos tão antigos. Em 1974 NINGUÉM que se entendesse ANGOLEIRO falaria em (faria) Batizados ou troca de cordas, a Angola da época renegava tal tipo de evento.

Mas, mesmo se realizado, a ênfase dos vindos da escola de Pastinha era (continua sendo) a MÚSICA, a "cozinha", som e canto de qualidade. Pode-se DEDUZIR a competência dos professores pela apresentação desses 2 Batizados, mesmo se "repetindo" a eterna cantilena de que o Pará era/é um Estado pobre. Uniformes de Capoeira -- camiseta barata e calça branca -- nunca foram tão caros assim. O "Jornal dos Bairros" -- suplemento semanal de O LIBERAL, bairro da Campina -- de março ou junho de 1987 traz um "Raul Seixas" desgrenhado e barbudo empunhando um berimbau mal armado (de bambu?!) cuja moeda encosta tanto no pau quanto no fio de arame... é essa a antiga imagem de um supermestre atual!

Quebrei meu silêncio de 20 ANOS sobre a Capoeira local -- e vou pagar caro por isso -- ao ver sendo incensados como maravilhas pessoas que mais prejudicaram (ou ridicularizaram) a Capoeira, do que a construíram. Infelizmente, meu texto anterior sobre 2 "deuses" não poderá ser publicado, as figuras retratadas seriam facilmente identificadas. Por isso, só alguns poucos PRIVILEGIADOS receberam minha narração confidencial, podendo conhecer um outro lado da História.

Ouvi falar que um deles foi contratado recentemente por um jovem professor para dar uma Oficina de Angola para os alunos do rapaz. No final do Curso o instrutor "fuzilou" o Mestre com um sonoro "O Sr. é um ENGANADOR"! Recebeu de trôco a resposta cínica:

-- "Enganador é você que não confere o conhecimento de quem convida para seu Grupo"! Mesmo que a estória possa não ser verdadeira, o "boato" merece registro.

Não existe DEBATE SADIO onde impera o cinismo... mas, quem quiser contar a História da Capoeira em/de Belém terá que ouvir "mestres-meteoro" -- dos quais só se ouve falar uma vez na vida -- ou professores mais jovens como "Pato" e Luís Carlos em Icoaraci, "Brás", "Jô" e Marlon na Terra Firme/Guamá, "Raí" (ou Nonato) na BR-316, além de Nilton Caldas na Guanabara, Dilson e Beto em Marituba, além de Leão, Joel e Falcão em Castanhal.

Quanto a ser ou não ser MESTRE, isso não tinha/tem a menor importância em Belém... só jamais vou entender porque quer o título de MESTRE um sujeito que não tem Grupo, não tem alunos e sequer dá/deu aulas, mesmo em academias ou Grupos alheios. E não são poucos aqui na Capital nessa situação... alguns sem pisar numa Roda de Capoeira desde os anos 90 e exibindo seu "mestrado" já bem antes de tal época. Lanço a proposta do título de "hipersuperultramegaMestre" para os vaidosos, vazios de bom-senso e de brio. Tenho dito!

"NATO" AZEVEDO (compositor e escritor) -- 3/maio e 3/07/2014

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ENTRE OS SANTOS E OS "ANJOS" DE BELÉM

"O Brasil é um país sério... à nossa maneira"!

(mestre "GUARÁ" / ECAP, em email de 2013)

"Mas, FULANO... você só sabe dizer "EU SOU,

EU SOU -- EU QUERO, EU QUERO"?!

Renato Azevedo (prof. "Carioca"), no CENTUR, em

Belém / 1990, protestando contra um super-mestre.

"A jibóia é cobra mansa, / mas come a jararaca. /

Jararaca tem veneno, / corre, ataca e mata. (...)

CAPOEIRA é a jibóia... / jararaca é muita gente"!

(aluna "CIGANA", GC Senhor do Bonfim / CE, 1988)

"O sonho acabou...", diria John Lennon, a Internet livre e liberal não existe mais. Cada site ou portal tem seu "programa moderador" e os inscritos podem optar pelo botão de DELETAR ou denunciar qualquer comentário ou postagem que não lhes agrade. Assim sendo, jamais conheceremos nossos desafetos, não teremos no reino virtual nada além de elogios. Em meus primeiros dias no site cultural OVERMUNDO recebi, de um desconhecido do interior do Pará, um bocado de palavróes cabeludos... o sujeito jamais se explicou! Acessei o site da Prefeitura da cidade e enviei cópia do "destempero" do mau-caráter, argumentando para o Prefeito que aquele "verme" representava a cidade. O rapazote nunca mais escreveu coisa alguma em meus textos.

Virgulino Ferreira seria, nos nossos dias, apenas um reacionário que combateu os "coronéis" do sertão nordestino e tentou repartir a riqueza de uns poucos com a pobreza geral, a ferro e fogo, espécie de "Che Guevara" sem filosofia nem charme. Cruel e sanguinário, o cangaceiro "LAMPIÃO" aterrorizou o agreste de 4 ou 5 Estados por quase 15 anos e detestava o povo baiano, que martirizou mais do que os demais. Levava cabras e bois das fazendas, roubava vilas inteiras e chegou a pregar portas e janelas de uma fazendola -- cuja família recusou-se a receber seus cangaceiros -- queimando vivos seus moradores. Na Internet atual, um "currículum" desses jamais poderá ser publicado.

Infelizmente, quebro um silêncio de exatos 20 ANOS para tornar a falar sobre a (ou da) Capoeira de Belém... e só cometo essa sandice porque não se faz História ignorando -- ou pior, escondendo -- o "dark side", o lado obscuro dos que a construíram, isso quando (e se) o fizeram. Finalmente, os que tentaram me processar por diversas vezes -- quando combati seus títulos de "mestres" -- agora poderão fazê-lo, há toda um legislação nova protegendo (?!) crápulas e patifes. O Mundo moderno prefere conviver com os "vermes" -- e até elogiá-los -- a criticar seus atos e vilanias. Belém é pródiga em exemplos... não só na Política, há uma inclinação local por admirar o esperto, o que leva vantagem em tudo, o "bem relacionado", com contatos e interesses em toda parte.

O diretor de um grupo teatral tantas "aprontou" que saiu algemado do Teatro-oficina da Capital, do qual fingia cuidar ente 1990/92... dez anos depois fundou sua própria "federação" e hoje a entidade dele é mais apoiada do que a Federação oficial -- sempre avessa ao Governo -- e que raramente recebe qualquer tipo de ajuda. Um ex-prefeito de Altamira deixou o cargo, por volta de 2005/6, com mais de 40 processos "nas costas", segundo um jornal de Belém. A morosidade intencional dos "Tribunais disso e daquilo" permitiu que o sujeito virasse deputado e, mais, presidente da AL, que já tinha sido dirigida por um "bicheiro", hoje senador (?!). Como era lógico, o sujeito fez o que bem quiz entre 2009/11, responsável por um "rombo" que vai de 82 a 110 MILHÕES DE REAIS, pois para a Política(lha), politicagem nefasta, sempre há e haverá dinheiro.

De novo, novamente, mais uma vez a "lerdeza" da Justiça -- que manda prender alguns em 72 horas -- permitiu que o "anjinho" se candidatasse a prefeito e, apesar dos 19 processos atuais em andamento, fosse eleito... na mesmíssima cidade do qual saiu anos antes. Daqui a algum tempo o ingênuo TSE o desbanca do cargo -- que tanto êle quanto o TRE, TCE e TCM permitiram-lhe assumir -- e vai querer cobrar do município as despesas referentes à nova Eleição. Ora, impotente TSE, não é mais fácil IMPEDIR a inscrição de qualquer candidato a cargo político,com pendências na Justiça?

Porque somos OBRIGADOS A VOTAR em pilantras e patifes que, após eleitos, são defenestrados por órgãos eleitorais que poderiam EVITAR todas essa confusão?

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NOTA DO AUTOR: decidi AUTOCENSURAR a maior parte desta triste e imensa crônica sobre atos & fatos vividos por mim (ou vistos) no período entre 1987 e 1994... lamento apenas que boa parcela dos que usavam o título de MESTRE já naquela época não tinha Grupo e nem alunos, por vezes sequer dava aulas, nem mesmo em academias ou Grupos alheios. Jamais entendi essa ânsia pelo título, vaidade ôca pois alguns sequer sabiam montar corretamente um berimbau, tocando sofrivelmente. Essa é a verdade, doa a quem doer!

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Mas, voltemos à Capoeira, tema que me é um fardo, sempre que me lembro que meu irmão poderia estar morto agora, agredido a pauladas em 1993 por um grande "angoleiro", na presença de 15 ou 20 alunos dele e (suponho que) de um jovem americano, Jim Sera, hoje mestre. Ou, então, aleijado pelos 2 tiros dados pelo suposto mestre do traste, em 1997, a mesma arma que às vezes levava para as esparsas Rodas que ousou frequentar.

Quem se atrever a contar a História da Capoeira de Belém & adjacências deve ter tido ao menos alguma vivência nela, não fechado em seu próprio Grupo -- sem visitas nem interesse pelos demais -- e sem fechar os olhos para o Passado dos que fôr retratar, para sua tese ou obra não virar motivo de chacota entre os que realmente constroem essa mesma História, com presença e trabalho. Só lamento que a moderna LEI DA MORDAÇA que se instalou no Mundo (real e virtual) transforme TODOS em santos e anjos... porque as falhas e erros não podem mais serem revelados.

"NATO" AZEVEDO (poeta e compositor)