A nossa aprovação
Imagineis que tenhamos encontrado a terra prometida, onde mana leite e mel, o próprio paraíso que o velho Adão nos fez perder. E que nesse lugar não exista nenhum tipo de injustiça, que a distribuição de renda seja de tal forma equilibrada que nele não existam pobres ou moradores de rua. Onde os serviços públicos são oferecidos com eficiência, os hospitais e postos de saúde tratam os pacientes de forma digna, o transporte coletivo funciona de maneira exemplar, os ônibus são confortáveis e ninguém precisa viajar em pé, e os próprios rodoviários se sentem satisfeitos a ponto de nunca cogitarem uma greve. Onde os problemas de trânsito foram resolvidos e não existem mais engarrafamentos, as ciclovias são abundantes e adequadas, e as pessoas têm o saudável hábito de pedalar até o trabalho. Onde não apenas todos têm um emprego, mas todos têm exatamente o tipo de emprego que gostariam de ter, de acordo com as habilidades de cada um. Onde os índices de criminalidade são irrisórios e a polícia só existe por uma questão de formalidade. Onde não há nenhum tipo de censura e pratica-se a tolerância. Onde se acredita que é possível aprender com os outros. Onde não há divisões ou preconceitos e todos os grupos são tratados de maneira igualitária. Onde crianças, idosos e deficientes têm os seus direitos respeitados. Onde os políticos são reconhecidos pela honestidade e representam de fato os interesses da população. Onde a cultura é prestigiada pelos governantes. Onde o meio ambiente é preservado. Onde os avanços da ciência permitem uma vida longa e com qualidade. Sobretudo, onde as pessoas são felizes e vivem em harmonia umas com as outras. Imagineis que tenhamos encontrado um lugar assim.
Por melhor que tudo isso possa nos parecer em um primeiro momento, ainda não será suficiente para que nos congratulemos com essas conquistas. A nossa aprovação dependerá da resposta a uma questão fundamental:
- O governo desse lugar é de esquerda ou de direita?