O MODELO CUBANO

É CLARO QUE CUBA NÃO É UM MODELO PARA O MUNDO. Mas não podemos ignorar que essa pequena e pobre ilha, desde a inspiradora Revolução, resistiu bravamente ao monstro do Capital, e ainda assim consegue manter, minimamente, um padrão de vida com alguma dignidade (uma realidade pobre, porém jamais miserável), apesar do embargo econômico e do descaso e desprezo das nações amigas (dos Estados Unidos, é claro). A saúde em Cuba não é isso tudo que se diz? Não sei. Alguns números que correm por aí são muito bons. Cuba exporta médicos – pode ser um indício de alguma coisa boa, não? E que profissionais o Brasil exporta? Babysitters (e o digo sem qualquer preconceito, mas reconhecendo que nenhuma jovem tem na profissão de babysitter um projeto de vida). A educação... A educação cubana não é isso tudo? Não sei. Amigos e conhecidos meus que foram à ilha voltaram maravilhados com o que viram por lá; seu sistema educacional, feliz (com estudantes felizes mesmo) e onde é propiciado acesso verdadeiro aos jovens, com oportunidade profissional, inclusive, sobretudo na área médica. Se a falta de LIBERDADE é o calcanhar de aquiles cubano, não podemos desconsiderar o fato de que se Cuba fechou-se da forma como o fez, é porque esta foi a maneira que encontraram de proteção contra a entrada do capital predador estrangeiro, que entra sem fazer alarde, como um ladrão na noite... quando não o faz às claras, como uma bela loura de vestido vermelho. O capitalismo tanto seduz quanto destrói. A ilha se protegeu contra as sutilezas do capital internacional. E nem por isso é o país mais atrasado do mundo ou tampouco figura entre tais. Aqui no Brasil, por exemplo, temos liberdade política. Mas e daí? Temos democracia. Mas e daí? É uma democracia efetiva? E quanto às novas formas de clientelismo, a perpetuação do voto de cabresto, o financiamento de campanhas eleitorais, que é feito por corporações que estendem seus tentáculos sobre o Congresso e palácios de governo? Isso nos torna mais evoluídos que a “pobre” Cuba? A nossa bela indústria audiovisual, nossas TVs de tela plana, nossos crediários fáceis? Isso nos coloca em condições tão melhores? Eu não me sinto beneficiado com meu país democrático quando vejo familiares e pessoas queridas, trabalhadores e idosos, enfrentando as filas dos nossos hospitais, ou à espera de exames simples que podem demorar meses ou até anos. Sou contra qualquer ditadura. Juro que sou. E por isso reitero o que disse no começo; Cuba não é um modelo. Cuba é frágil, é antidemocrática. Mas que não nos enganemos: para um brasileiro que viva nesses nossos sertões e favelas, com seus bolsões de miséria, Cuba pareceria um paraíso.