Casal

Alguém mais percebeu que no inverno aumenta o número de casais pela rua?! E ainda estamos no outono...

Eles fazem parte de um seleto grupo, com características próprias e cada vez mais modernos. Ou, como diria uma amiga, nós é que envelhecemos...

Comecei a reparar que todo lugar que ia, tinha um casalzinho se agarrando, aos beijos, aos beijos apaixonados e engolidores.

O lugar que considero mais romântico é a rodoviária, fazia muito tempo que eu não viajava, tinha me esquecido talvez, ou então, é o frio que causa isso mesmo. Lá estava ele, o casal!! Chegaram tímidos de mãos dadas, tristes pela partida de uma parte. Metade nunca é conveniente e por um motivo qualquer, metade vai e metade fica.

O ônibus chega, torna o abraço forte, como rocha, até dói o peito, escuto umas costelas estalarem. Conversam um assunto qualquer pra esquecer a despedida. Um ri, o sorriso é lindo! E de novo lembram do adeus. Mais um abraço. Caminham dois passos para a direção do ônibus, a via de separação, puxam as malas. De novo um abraço e um beijo tímido, quem sabe pudor. Um carinho nos cabelos e um novo beijo, mais apaixonado, mais triste. Mais algumas palavras, talvez recomendações. Um balanço afirmativo com a cabeça e mais alguns passos, mais puxões nas malas. E assim vai, até que chega enfim, a proximidade suficiente para a separação. Tudo é contraditório e ambíguo. As malas guardadas e eles perto da despedida. Mais abraço, um beijo apaixonado, cheio de ardor e língua, esquecem o pudor. Um leve sorriso de um para consolar o outro que fica.

Um abraço final e o tchau sussurrado, para controlar as lágrimas. Faz-se então a separação. Um sobe os degraus. O mais rápido que pode alcança seu lugar no ônibus, do lado da janela, para gesticular o adeus, desenhar coração e escrever “eu te amo”, no ar.

Ai, que inveja!!

Continua...

Jule Santos
Enviado por Jule Santos em 14/05/2007
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