Notinhas da Copa/2
Como estou decidido a torcer por todas as zebras possíveis, sentei-me confortavelmente no famigerado Lounge da Copa e me dispus a secar a seleção de Portugal. O problema foi que se sentaram ao meu lado dois portugueses, e portugueses legítimos, daqueles de Portugal mesmo. Na hora do hino, um se levantou, o outro ficou de joelhos, e os dois cantaram vivamente: “Às armas! Às armas! Sobre a terra, sobre o mar”. Ao final, não restou a nós, brasileiros, outra coisa a fazer senão aplaudi-los. E como também era visível o sofrimento deles durante a partida, sempre a espera de uma jogada espetacular do Cristiano "Runaldo" que nunca vinha, eu não consegui torcer contra a seleção de Portugal.
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Esse negócio de marcar jogo para uma hora da tarde faz muita gente estender o horário do almoço. Eu, pelo menos, só voltei a trabalhar depois de assistir todo o jogo do Uruguai contra a Itália. Pude ver, portanto, o gol que garantiu a classificação dos sul-americanos, a eliminação de mais uma seleção favorita ao título e, é claro, a mordida do Luís Suárez no zagueiro italiano.
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Como nenhum de nós sai mordendo os outros por aí, estamos muito confortáveis para chamá-lo de selvagem, de animal, de não-civilizado, de pessoa a ser banida do convívio em sociedade. E pouco importa se, no dia-a-dia, cultivamos a inveja, a vingança e outros sentimentos predatórios.
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Mas uma coisa é certa: depois desse episódio, o Uruguai deve entrar mordido na partida contra a Colômbia daqui a pouco.
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Aliás, vamos falar a verdade: esse Cuadrado da Colômbia joga um futebol redondinho.
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Muito obrigado, seleção brasileira. Muito obrigado. Graças a você, que se classificou em primeiro e agora joga a uma hora da tarde de um sábado, eu não encontro um lugar aberto para almoçar.
28 de junho de 2014