ALUGUEL DE CARRO EM FARMÁCIA!
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´-Assessor, vá lá na farmácia e alugue um carro para mim!
- Na farmácia, deputado?
- É, na farmácia, sim! Lá se adquire de tudo, inclusive notas fiscais para justificar despesas reembolsáveis como carro de luxo, além de genéricos!
Esse diálogo inicial, poderia ser apenas de uma peça de ficção se não fosse a mais pura realidade, com graves prejuízos a todos os contribuintes da Capital Federal, onde farmácias, loja de bolo e até escritório político alugam carros de luxo e genéricos para a Câmara de Vereadores e para alguns dos 24 deputados da Assembleia Legislativa Distrital, causando um prejuízo de 240 mil reais, só de janeiro a abril desse ano. Os deputados acham tudo isso normal e se justificam. Mas se o Ministério Público decidir investigar, confirmará que a prática ocorre em outras Assembleias Legislativas nos Estados. Um escândalo que nem remédio de marca, ou reza braba será capaz de curar a voracidade corruptiva de alguns parlamentares.
Em 1985, no Estado do Amazonas, o deputado presidente da ALE, Francisco Guedes de Queiroz, devido a escândalos menores do que esse, tomou uma decisão radical: leiloou os Opalas quatro portas pretos, com placas de bronze de todos os deputados estaduais, só ficando um carro para uso da presidência, mas que não o usava, preferindo usar o seu fusca. Hoje, os deputados estaduais do Amazonas usam carros alugados, porque só existe a prestação de contas do deputado estadual Abdala Fraxe reembolsável no valor de 24 mil reais, de material de expediente e suprimentos de informática 6.000,00; consultoria jurídica 10.000,00 e combustíveis e lubrificantes 8.000,00. Nenhum valor para aluguel de veículos. Mas, não posso afirmar e nem negar se também existem contratos de aluguel de carros com drogarias, padarias ou fornecedores de bolo; também não sei dizer se existe algum esquema político para favorecer uma ou outra empresa. Nada afirmo, mas também não nego que essa prática possa existir no Amazonas, como existe em Brasília.
Há dois anos, os deputados de Brasília passaram a publicar as Notas Fiscais de todos os gastos, prática que não é feita em todas as ALEs, mas ainda nem todas seguem o que determina a Lei da Transparência, que ficou esquecida no tempo e na memória de muitos brasileiros, infelizmente.
Em Brasília, o deputado Robério Negreiros, do PMDB, gastou 20,8 mil reais e as notas das empresas indicavam locação de um veículo de luxo feito em uma farmácia de propriedade de um funcionário dele, outro em uma loja de bolo. O deputado Paulo Roriz, do PP, em quatro meses, gastou 25 mil reais com aluguel de uma Van, mas no endereço mora uma família há seis meses e o telefone constante na Nota Fiscal informa que ele não existe ou estava desligado. Para piorar ainda mais o caso do deputado Paulo Roriz, no endereço constante na nota fiscal apresentado à ALE do Distrito Federal, funciona seu próprio escritório político.
Na empresa Disbrap, locadora de veículos, foi encontrada uma funcionária do deputado. Depois se apresentou o empresário Eudes Teixeira, explicando que “eu fico no fundo e ele fica na frente. Eu não estava ocupando todo o espaço e cedi um espaço para ele. Ele, no caso, é o deputado Paulo Roriz, que justificou que “houve alteração de endereço das locadoras e o gabinete não tem obrigação legal de atestar a existência da estrutura das empresas”.
Tem razão deputado Paulo Roriz!
No mínimo, vossa excelência deveria ter declarado que um parlamentar tem o dever de ser ético, agir com moral, porque a transparência serviu para provar que o deputado Paulo Roriz não tem ética e muito menos moral para exercer seu mandato parlamentar.