O LOUCO
Diz que era um louco que vivia numa cidadezinha. Ele vivia gritando pela cidade:
- Eu sou louco, sou louco! Sou louco de tacar pedra em avião!
Os transeuntes ficavam pasmos diante do discurso do doido “que passeia pela cidade sua loucura mansa. É reconhecido seu direito à loucura. Sua profissão” (Carlos Drummond de Andrade).
Assim, era a vida “subir Bahia e descer Floresta". O nosso “Dom Quixote” foi internado diversas vezes no sanatório. Se fosse hoje, ele não iria, as coisas mudaram no tratamento da loucura. Não se deve segregá-lo do convívio social e familiar. Por conseguinte, é o que foi colocado na reestruturação da assistência psiquiátrica brasileira. Entretanto, a discriminação ainda existe, sabemos que nosso país “bate um bolão”.
Nos últimos tempos, o doido andava com uma enxada sem cabo pela cidade (“cada louco com a sua mania”). Sorrateiramente, aproximei-me do nosso “Artur Bispo do Rosário” e disparei uma pergunta (dessas de supetão! A resposta é que assustaria o Philippe Pinel):
- Por que você não coloca um cabo nessa enxada meu jovem?
- Não fiquei louco doutor! Se colocar o cabo, hoje ainda a turma vai me mandar capinar o mato!