VÍTIMAS
A violência entrou pela "porta da cozinha" e sem qualquer cerimônia assentou-se à mesa do café conosco, invadiu nossas vidas, trouxe a insegurança e a incapacidade como suas irmãs. Disparou contra nós com a surpresa em punho, não tivemos tempo de nos preparar. Atingiu nossos corações em cheio com um projétil do calibre da dor.
Sangramos juntos e percebemos que estávamos feridos pela munição e omissão do Estado, fechei meus olhos e vi que a luz no fim do túnel, que muitos vêem, existe e que a minha era você, minha filha. Dificilmente a ferida irá cicatrizar, mas de tudo não é ruim, enquanto estiver aberta minando um pouco de mim, vou lembrar de não esquecer o fato. Somos vítimas não apenas da violência urbana comandada por bandidos, mas pela gerada pela des"ordem" pública. Para eles, somos peças substituíveis de uma engrenagem.
O que nos resta é ter a certeza que os autores das violências já estão presos, condenados a viver com o seu maior algoz, a culpa. Por toda a sua vida, como um juiz, suas consciências os acusará.
Marcelo Queiroz
03/11/13
21:00h