VÍRUS MALIGNO DO AMOR.

Minha cabeça dói... Meus pensamentos coerentes se escondem atrás dos fortes construídos pela mente como medidas extremas diante de um iminente ataque inesperado de emoções como um arquivo protegido, impedindo que ele seja corrompido por um vírus chamado amor.

Mas agora já é tarde [...]

Os primeiros déficits no sistema neurológico central já começam a causar efeito. O firewall que ignorava e impedia qualquer interferência externa nunca foi tão inóspito e inútil.

Ele estava adormecido, apenas esperando... Esperando um agente que se misturasse a ele e o tornasse ativo novamente.

Tanto tempo cavando o maior buraco para poder aprisioná-lo no mais profundo abismo da mente, jogando sobre ele inúmeras toneladas de paixões infames na tentativa frustrante de sufocá-lo e por fim, matá-lo. E lá dentro, no infinito, abaixo de tudo, esquecido por todos, torturado diariamente pelas escolhas algoz, ele parece se esvair como um último suspiro que sai lentamente das entranhas de um moribundo mórbido. [...]

Um olhar... Apenas um olhar!

A menina dos olhos dança embriagada ao ritmo de uma sinfonia improvisada, tentando manter-se de pé em solo totalmente escorregadio e molhado pela chuva ácida da alma que enche o âmago de pura nostalgia, deixando seu rastro de destruição desmoronar pela face, dando um gosto amargo a um sorriso carregado de expectativas irreais e impossíveis.

Em um segundo infinito os olhos se fecham. O corpo estremece. O poder incomensurável lançado sobre as pupilas dilatadas atravessa como um raio a massa cefálica abrindo uma cratera em solo considerado profano e, despertando, trazendo da terra dos mortos, o implacável, insano e incontrolável. Aquele cujo poder transcende a racionalidade e penetra na divisa da razão e emoção capaz de corromper a essência humana.

Wellington Lopes
Enviado por Wellington Lopes em 29/06/2014
Reeditado em 29/06/2014
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