Dê cá um cheiro!
1. Sou um camarada que gosta de bons perfumes. Dou preferência aos franceses, sem, contudo, menosprezar os perfumes nacionais, que também são ótimos.
2. No momento, uso um Calvin Klein - CK One, presente de minha mulher quando, a bordo do navio MSC Preziosa, atravessávamos o Atlântico, voltando da Europa.
3. Os perfumes estrangeiros hoje são vendidos livremente. Mas, nem sempre foi assim. Houve um tempo em que, com sua comercialização proibida, só por debaixo do pano era possível comprá-los.
4. Como, então, eu os adquiria. Um amigo meu, já falecido, funcionário das Docas, sabedor do meu requintado gosto, levava-me, no final de cada mês, no meu escritório, além de pacotes de cigarro Chesterfild, excelentes perfumes ingleses e franceses.
5. No Brasil dos anos 1950-1960, cigarro americano - Pall mall, Marlboro, Lucky Strike e outros - tão ao gosto dos fumantes metidos a besta, só com o pessoal do cais podia ser encontrado. Por um maço, pagava-se uma nota. A comercialização desse gostoso veneno, vindo dos "steitis", também era proibida.
6. A mesma coisa sucedia com os perfumes estrangeiros. Eu só tinha, pois, um caminho: recorrer ao amigo da Aduana. Adquiria-os por preço elevadíssimo, e, claro, com o renovado cuidado para não comprar gato por lebre, embora confiasse cegamente no correto "vendedor". Vendedor de perfumes e não de armas ou drogas. Que ele esteja tomando seu uísque importado lá no céu.
7. Naquela época, dois perfumes franceses estavam na moda. As mulheres que os usavam, levavam os homens ao delírio: o Fleur de Rocaille e o Heure Intime. Caríssimos! Para comprá-los, eu era obrigado a fazer uma pequena economia. A grana que eu recebia pelos serviços prestados ao Estado, como modesto funcionário público, era curta. Mas valia o sacrifício...
8. Hoje, tenho a mais absoluta certeza de que fiz muita manceba feliz, presenteando-as com um desses dois fantásticos perfumes importados da bela e sensual França. De algumas cheguei a receber, talvez num gesto concreto de gratidão, frascos de Lancaster, um perfume inglês adorado pela rapaziada.
9. Afirmo, com a mais absoluta convicção, que um bom perfume é o melhor e mais elegante presente que se pode dar a uma amiga, à mulher amada, ou àquela que se deseja tê-la como tal...
10. Uma mulher perfumada é um presente das deusas. Ungida, da cabeça aos pés, por um bom perfume, ela se torna ainda mais atraente, mais desejada e definitivamente apta a receber demorados cheiros...
11. A formidável escritora cearense Ana Miranda, em crônica publicada no jornal O Povo, de Fortaleza, discorrendo sobre a arte de cheirar e ser cheirado, foi categórica: "Dar um cheiro é o mesmo que tratar alguém como uma flor". Ela está certa.
Certo também estão aqueles que dizem não existir coisa mais terna e mais gratificante do que receber ou dar um xêro... Às vezes, vale mais do que um beijo...eu garanto.
1. Sou um camarada que gosta de bons perfumes. Dou preferência aos franceses, sem, contudo, menosprezar os perfumes nacionais, que também são ótimos.
2. No momento, uso um Calvin Klein - CK One, presente de minha mulher quando, a bordo do navio MSC Preziosa, atravessávamos o Atlântico, voltando da Europa.
3. Os perfumes estrangeiros hoje são vendidos livremente. Mas, nem sempre foi assim. Houve um tempo em que, com sua comercialização proibida, só por debaixo do pano era possível comprá-los.
4. Como, então, eu os adquiria. Um amigo meu, já falecido, funcionário das Docas, sabedor do meu requintado gosto, levava-me, no final de cada mês, no meu escritório, além de pacotes de cigarro Chesterfild, excelentes perfumes ingleses e franceses.
5. No Brasil dos anos 1950-1960, cigarro americano - Pall mall, Marlboro, Lucky Strike e outros - tão ao gosto dos fumantes metidos a besta, só com o pessoal do cais podia ser encontrado. Por um maço, pagava-se uma nota. A comercialização desse gostoso veneno, vindo dos "steitis", também era proibida.
6. A mesma coisa sucedia com os perfumes estrangeiros. Eu só tinha, pois, um caminho: recorrer ao amigo da Aduana. Adquiria-os por preço elevadíssimo, e, claro, com o renovado cuidado para não comprar gato por lebre, embora confiasse cegamente no correto "vendedor". Vendedor de perfumes e não de armas ou drogas. Que ele esteja tomando seu uísque importado lá no céu.
7. Naquela época, dois perfumes franceses estavam na moda. As mulheres que os usavam, levavam os homens ao delírio: o Fleur de Rocaille e o Heure Intime. Caríssimos! Para comprá-los, eu era obrigado a fazer uma pequena economia. A grana que eu recebia pelos serviços prestados ao Estado, como modesto funcionário público, era curta. Mas valia o sacrifício...
8. Hoje, tenho a mais absoluta certeza de que fiz muita manceba feliz, presenteando-as com um desses dois fantásticos perfumes importados da bela e sensual França. De algumas cheguei a receber, talvez num gesto concreto de gratidão, frascos de Lancaster, um perfume inglês adorado pela rapaziada.
9. Afirmo, com a mais absoluta convicção, que um bom perfume é o melhor e mais elegante presente que se pode dar a uma amiga, à mulher amada, ou àquela que se deseja tê-la como tal...
10. Uma mulher perfumada é um presente das deusas. Ungida, da cabeça aos pés, por um bom perfume, ela se torna ainda mais atraente, mais desejada e definitivamente apta a receber demorados cheiros...
11. A formidável escritora cearense Ana Miranda, em crônica publicada no jornal O Povo, de Fortaleza, discorrendo sobre a arte de cheirar e ser cheirado, foi categórica: "Dar um cheiro é o mesmo que tratar alguém como uma flor". Ela está certa.
Certo também estão aqueles que dizem não existir coisa mais terna e mais gratificante do que receber ou dar um xêro... Às vezes, vale mais do que um beijo...eu garanto.