A Internet e suas redes de amigos
Eu já passei o dia sentindo angústia sem saber o porquê. Tinha dor no peito, ansiedade, tédio... Mas, quando consultava o meu cérebro, não percebia nada que pudesse estar efetivamente me incomodando. Só no horário nobre é que o problema vinha à tona e eu me lembrava das Helenas, Gabrielas, personagens de novelas envolvidas numa trama maniqueísta e vítimas de opressores - o que me aborrecia muito. Mas bastava um ou dois capítulos e a dor sumia como se eu tomasse doril.
Nessa mesma fase, eu resolvi montar um negócio: um comércio de bijouterias e quinquilharias. A minha referência de moda, consequentemente, eram as tais personagens das novelas. Então, eu encomendava, aos fornecedores, o colar da protagonista, o brinco da coadjuvante, a pulseira da vilã... E isso tinha um resultado infalível, vendia mesmo! Eu tinha dinheiro na bolsa, no bolso, atrás da porta, em livro...
Com o tempo, apesar dos rendimentos, enjoei dessa fórmula de comércio e de vida. Decidi retomar os estudos, mas não me preocupei com nenhum botão da TV. Preferi trocar de canal o cérebro.
O problema agora é a Internet e suas redes de amigos.