Risco de vida
O dia era terça-feira, comum. Em casa, estava sentada no sofá. De repente, senti uma vontade de ligar a televisão. Novela, desenho, programa de culinária... Notícia urgente? O que será?
Rapaz de 25 anos sequestra ex-namorada de 15 anos.
Sequestro relâmpago, roubo, homicídio... Vemos a todo instante. Mas sequestro por ciúmes? Isso é bem cruel. Olhando aquela garota apavorada, bonita, antes sorridente, sofrendo assim por algo bobo, me deu um sentimento diferente. Parece que ela virou o meu problema.
O que passa na cabeça desses pais para deixar uma menina, praticamente uma criança, namorar um homem bem mais velho? Ou melhor, o que essa garota tinha em mente? Eu não aceito! Protesto!
Uma garota normal, ficcional de realidade cotidiana, me atormentou durante dias, na escola, no carro, no supermercado... A todo momento.
Na janela, chorando, mãos tremendo, cabelos desarrumados, feição pálida, nariz sangrando, a manga direita da blusa rasgada. O sequestrador, nervoso, apontava uma arma em direção a cabeça da garota. Ele, de touca preta, dava as ordens, estava de camisa amarela e tinha uma tatuagem de dragão no braço. A menina gritava para todos terem calma.
O que passava pela cabela da garota naquele momento? O que ela estava esperando? Alguém para salvá-la ou a morte? Estaria pedindo socorro ou rezando?
Um homem sequestrando uma garota. O que passava na cabeça deste sequestrador? E dos vizinhos? E de todo Brasil?
Um tiro... Gostaria de acreditar que ela estivesse bem, que nada havia acontecido.
A luz da televisão atravessava meu corpo como balas da violência urbana.