Mera Atriz ou Mero Ator
Os últimos acordos políticos veiculados pela imprensa nos fazem lembrar do que conhecíamos tempos atrás por “casa de tolerância”, com o perdão dos mais abalizados ou menos ou mais ortodoxos. Onde a gente entrava e escolhia qualquer uma. Porque ninguém era de ninguém. Hoje escolhe-se qualquer uma ou qualquer um, pois esses espaços obviamente continuam a existir. E não se pode mais vincular a prostituição ao elemento feminino. Estando o termo meretriz fadado à extinção.
E os políticos esmeram-se em todo tipo de negociações possíveis, esquecendo-se de desavenças anteriores e hostilidades de que foram vítimas. Desde que estejam garantidos seus interesses pessoais. Sem o que não teriam condições de exercer com “dignidade” os seus mandatos ou de que os colocassem a favor dos interesses da coletividade. Porque a favor de seus interesses seus mandatos sempre estarão. O que podemos entender como uma bacanal ou orgia partidária.
Tomando parte dessa “confusão” toda o próprio governo federal, na medida em que a presidente demite um ministro para nomear em seu lugar um outro, de determinado partido (podia ser qualquer um), em busca do apoio desse partido para a sua reeleição. O que consegue imediatamente. Sem falar em conluios anteriores, quando não se esperava que a orientação ideológica dos integrantes do governo pudesse contar com elementos bigodudos incrustados no poder desde a época da ditadura militar. Combatida, presume-se, ferrenhamente pelos que depois vieram a estar à frente do comando da nação.
Como somos profundos admiradores de Oscar Wilde, também achamos que “a coerência é a virtude dos imbecis”. No entanto, será que dá para esperar alguma coisa de nossos políticos e, o que é pior, do engrandecimento do país com essa – permitam-nos o escorregão – “fudelância” toda?
Rio, 28/06/2014