Diário de um dia de luta
Desabafo
Todo esse processo e tratamento dispensado aos trabalhadores é humilhante, aviltante e de grande desrespeito conosco, fazendo-nos sentir violentados. Violentados pela não valorização, violentados pelas horas em pé , perdendo a voz e sem alimentação por estarmos na luta e em apoio aos companheiros que estão lá falando por nós. Violentados por todo desgaste emocional e psicológico que ao final de cada batalha saímos, e que ao chegar em casa temos que lutar com nós mesmos para continuar tendo força e esperança para não desistir.
Será que a população não vê? Será que os demais colegas da saúde não sentem o que sentimos? Será que é normal sermos tratados assim?
Hoje cheguei "baleada" depois de mais uma batalha na Alerj, não somente por tudo que está acontecendo com a saúde estadual, federal e municipal, mas principalmente porque quando chegamos lá são sempre os mesmos rostos a lutar. Os rostos já cansados e desgastados, mas que não fogem a luta.
Começo a achar que minhas últimas forças para continuar são por esses companheiros, mais do que por melhorias salarial e de condições de trabalho, pois penso; "São tantos que se dizem indignados, mas apenas os mesmos 20 estão aqui. Será que já se conformaram com 15 anos sem aumento e com a forma que são tratados pelo governo?".
Amanhã, mais uma vez os companheiros estarão na ALERJ, incomodando sim, pois no mínimo, para nós resistentes da saúde estadual, o que nos resta é lutar até o fim e ter orgulho de dizer; "Eu lutei por nós".
Espero que você venha lutar também. Só a mobilização, só a luta coletiva nos faz ganhar.
Lê Gomes
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P.S -A saúde estadual está desde o dia 13 de maio em greve por melhoria de condições de trabalho e por reposição salarial de um arrocho e desrespeito com a categoria que já dura 15 anos. Infelizmente vivenciamos o desmonte da saúde e o caminho para a privatização do SUS, onde o massacre do funcionalismo público é apenas mais uma estratégia do governo para este projeto.