DOS ASSUNTOS COTIDIANOS
Cá estou eu, novamente, diante da claridade incessante do monitor. Velhos objetivos, novos desejos. Tudo isso tenta me convencer a escrever mais um pequeno relato das coisas que me cercam.
É bem verdade que este sentimento amigo, insistente por ver linhas impressas e imprecisas no papel, tem me acompanhado já há algum tempo. Tento satisfazê-lo, sempre que posso. Mesmo que eu, escritor iniciante, para atingir tal meta, acabe sacrificando o meu leitor. São os ossos do ofício, talvez, de todo ser que escreve.
De que relato subjetivo falarei hoje? Talvez da constante violência presente no país, ou daquele café saboreado na tarde que já passou. A grande vantagem do cronista é esta: falar sobre qualquer coisa. Não há assunto que não possa cair na mira de quem relata o cotidiano, nem mesmo aquele carinha que levou uma baita topada enquanto atravessava a rua, diante do pára-brisa do meu carro.
Gosto de observar as coisas em suas ações corriqueiras. Elas são temas ambulantes para minha lira. Penso que você concordará comigo, se já observou as cenas ao seu redor. Cachorros mancos, carrinhos de supermercados abandonados em um estacionamento vazio, o pesar de um andarilho cabisbaixo, enfim, acontecimentos aparentemente comuns, porém de pura inspiração textual!
Poderia, inclusive, dissertar sobre o motivo que me leva ao ato insano de apresentar ao público estas linhas. Seria por razões narcisistas? Ou simplesmente crença na leitura de um estranho? Não sei. Responda-me, então, o leitor (se é que há um).
Decido agora encerrar meu singelo discurso, antes que meus olhos cerrem por conta do sono vindouro. Rendo-me à decisão de adiar a escolha para outro dia, um dia mais ameno, mais calmo, mais comum. Amanhã retorno à labuta diária do magistério. Preciso descansar meus ossos juvenis para os passos nos corredores, para as escadas, para as marchas que irei passar rumo às escolas. Deixo-lhe, dessa forma, meu enfado. Durmo-me aqui, com meu ponto final.
08/05/2007