NEXT STATION - ITAQUERA ARENA CORINTHIANS -DA ZONA LESTE PARA O MUNDO!

Quando mudei para a região leste de São Paulo em 1997, jamais passou pela minha cabeça de que um dia, o Bairro de Arthur Alvim e Itaquera, seriam as atenções para o mundo esportivo. Tudo começa pela história do Esporte Clube Corinthians Paulista que nasceu grande na sua fundação. Cinco operários tiveram a ideia de fundarem um time, empolgados com a apresentação do Corinthians Inglês e, dentre as discussões para escolha do nome deu quatro a um para o nome atual. Um time que, já na sua terceira partida, levava , arrastava uma multidão de torcedores pelas várzeas paulistanas.

O seu campo, sua casa, a fazendinha era um lugar aconchegante para assistir aos jogos de futebol. Durante anos os torcedores dos demais times sempre tiraram sarro da torcida corintiana, às vezes chamando de o time da marginal sem número. Foram décadas de gozações e, a cada maquete de um estádio, apenas alimentava mais ainda as gozações das torcidas rivais.

Algumas gestões prometeram construção de estádio para o Esporte Clube Corinthians Paulista, mas sempre descartando a zona leste para a construção. Foi tão difícil Vicente Matheus conseguir o terreno de Itaquera e, a maioria dos dirigentes e patrocinadores sempre discriminando a zona leste, notadamente o bairro de Itaquera.

Tudo para o Timão é mais difícil! Ou chega por vias não naturais no curso das coisas. Precisou ficar vinte e três anos na fila para protagonizar um dos maiores momentos históricos na história mundial do futebol: O título de 1977. Antes disto, na semifinal do campeonato brasileiro 1976, no Maracanã, contra a poderosa máquina tricolor das laranjeiras, o Fluminense. A torcida do Corinthians colocou mais de setenta mil apaixonados nas arquibancadas do Lendário Maracanã e saiu feliz com a vitória nas disputas dos pênaltis indo para a final contra o poderoso Internacional de Porto Alegre perdendo de dois a zero.

O Corinthians foi campeão Mundial versão Fifa mesmo antes de sagrar-se campeão da Libertadores da América o que já ocorreu. Não falta mais nada para o Timão. Opa, pera ai! Faltava o tão sonhado estádio. Como os adeptos do Santo São Paulo peitaram a CBF, o Santo São Jorge esticou a sua espada, desceu do cavalo, expulsou o dragão, assoprou nos ouvidos do Santo Sanches, mexeu os pauzinhos e, de um terreno íngreme, cheio de flora e fauna surgiu um majestoso estádio de futebol. E foi escolhido como o estádio da abertura da copa do mundo versão 2014.

Mesmo não sendo corintiano como no meu caso, a emoção de ter participado de três reuniões com o engenheiro chefe e ver depois aos poucos o estádio sendo erguido foi algo para nunca esquecer e ver a zona leste, Arthur Alvim e Itaquera tomando dimensões internacionais nunca vistas em toda a história dos bairros. A emoção de acompanhar os torcedores brasileiros e estrangeiros, o aparato de segurança, a imprensa, turistas tirando fotos, bebedeiras em todos os estabelecimentos da região, notícias na veja, nos jornais, equipes de Tvs estrangeiras fazendo entrevista com moradores do bairro, torcedores orgulhosos formam um roteiro imensurável.

Mas foi um dia destes, embarcando na Estação Arthur Alvim do metrô com destino à Estação Belém escuto a seguinte voz: Próxima estação, Patriarca; The next station, Patriarca. Pensei: Caramba! Só nos aeroportos é que ouvimos algo em inglês! Isto significa que, os zonas lestinos, hoje são padrão internacional. E quem trouxe este status de levar a zona leste para mais de duzentos países, foi o Esporte Clube Corinthians Paulista, aproveitando o ensejo da copa do mundo para construir a sua casa. Além de ver os torcedores de várias partes do Brasil, e do mundo, muitos com as suas camisas de seus clubes de coração, ver de perto o povo sorrindo com o sol, feliz da vida com o evento copa do mundo não há como não se sentir feliz, se sentir parte deste contexto. Do meu apartamento ouve-se a torcida gritando. Ouve-se o hino sendo tocado. Tem sensação melhor do que isso? Não, não tem. Registrar o nascer do estádio e depois o quase a sua conclusão, não há dinheiro que pague para viver estes momentos mágicos.

Depois desta copa do mundo, ganhando a seleção o título ou não, os bairros de Arthur Alvim e Itaquera não serão mais os mesmos. Estão dando um salto de cinquentas anos para frente. É claro que, onde chega o progresso, chegam também os problemas. Mas deixamos isso para depois. O importante é o agora e o agora está lindo de mais. Jamais tivemos a noção de qual seria a dimensão do evento em torno da região. Está sendo gigantesco.

No estádio enquanto os torcedores gritavam timão, timão, timão, um grupeto dava demonstração de falta de educação xingando a nossa autoridade máxima. Há que se falar para essa gente sem educação que a copa, embora seja um negócio hoje, foi criada para a confraternização dos povos e dos continentes. O momento é de torcer contra ou a favor e de curtir. Talvez não tenhamos uma outra copa no Brasil. Todos os demais países lutam para ter uma copa do mundo. Por que não combatemos a corrupção nas urnas? Tivemos chances e não o fizemos, portanto, para que ama e gosta do futebol, apesar das corrupções de bastidores, copa do mundo é um momento mágico. E estamos vivendo este momento agora no Brasil.

Corinthians, Zona Leste, da Estação Itaquera para o mundo.