O prefeito Riquinho
José Henrique Fortunato nasceu em João Pessoa-PB e desde pequeno tinha um objetivo: ficar rico de qualquer jeito, honestamente ou não. Quando criança, seus pais ficavam colocando na cabeça dele pensamentos do tipo: – case-se com uma garota rica, não importa que ela seja feia. Faça vestibular para medicina. Eu não quero filho meu pobre. De pobre já bastam seus pais –. Com essas palavras, sem perceber, eles alimentavam o estelionatarismo já bem vivo em “Riquinho”. Este apelido foi escolhido carinhosamente por sua mãe, pois dizia que seu filho seria muito rico.
Como sempre pensou de forma estratégica, assim que ingressou no ensino fundamental II, Riquinho começou a por em prática o seu projeto “Alpinismo Social”. De início, só fazia amizades com os colegas mais bem abastados da sua escola. Não queria conversa e amizade com filho de professor, artista, pedagogo ou outro profissional que não fosse sinônimo de riqueza. Infelizmente, ele conseguiu absorver bem o horror que seus pais tinham a pobres.
Quando completou 14 anos já começou a paquerar uma colega da sua escola, que se chamava Cláudia e era filha de uma juíza do trabalho. Apesar da menina ser dois anos mais velha (ela tinha 16 anos), ele conseguiu conquistá-la. Riquinho, além de ser alto e parecer ser mais velho, tinha uma lábia digna de ganhar um Oscar.
Com persistência, Riquinho começou a namorar Cláudia. Como não tinha dinheiro para levá-la ao cinema ou parque, convencia a moça a pagar sempre as suas entradas. Ela começou pagando as suas entradas e lanches, com pouco tempo vieram os presentes: uma bermuda Calvin Klein, camisa da Diesel, tênis Nike. A mãe de Cláudia começou a perceber que estes tinham se tornados constantes e mensais, por isso proibiu o namoro dela com Riquinho. Este ainda tentou influenciar a ex-namorada a tentar se vingar dos pais pelo rompimento do namoro ou fugir com ele, mas os pais dela foram mais rápidos e enviaram a filha para morar na casa de uma tia no Rio de Janeiro.
Com 18 anos de idade, Riquinho já tinha três romances, todos eles com mulheres bem mais velhas do que eles e todas casadas. Elas o paparicavam com muitos presentes: desde uma simples camisa, até o valor de entrada num carro 0 km. Riquinho, enfim, começava a sua “ascensão social”, de uma maneira obscura, mas isso não o incomodava. Para ele o mundo pertencia aos espertos.
Uma das suas três amantes, a que se chamava Raquel (a mesma que tinha dado o valor de entrada no carro) queria que ele fosse “apenas dela”. Ele, sabidamente, disse que poderia ser exclusivo dela, mas isso teria um preço – ela teria que bancá-lo de tudo e pagar uma faculdade de medicina para ele –. Como Raquel era muito rica, não se importou com o valor que gastaria mensalmente e logo topou o acordo.
Assim que se formou em medicina, Riquinho largou a sua amante e foi embora para o interior do estado. Lá fez sucesso como doutor, começou a namorar a filha do prefeito e, com pouco tempo, rapidamente prefeito da cidade se tornou. Agora, ele está andando nas nuvens, pois tem a oportunidade de fazer o que mais gosta em grande escala: enganar as pessoas.
Eraldo Gadelha Filho
26 de junho de 2014