Na temporada das águas, quando as moitas se revestiam de novas folhagens, a mãe natureza se transformava em gigantesco “playground” para as crianças do campo. Ela foi assim generosa e pródiga comigo e tantos outros ribeirinhos nativos do Riachão. “Naquelas tardes fagueiras”, o mofumbo que amassávamos em grande algazarra, tomava forma arredondada e os galhos que tocavam o chão, transformavam-se em esconderijo e agradável abrigo para pequenos animais. Foi assim em “Minha infância no Cansanção” onde me encontrei inserido como destinatário dos “Recados” de Fidélia Rocha (p. 58).
“Da minha infância distante / Eu pretendo neste instante/ Fazer a retrospectiva / Recordar os tempos idos / Lá no Cansanção vividos... com meus primos e irmãos [...] E como eu, guarda a saudade / Daquelas tardes amenas/ Só felicidade apenas/ Nenhuma dor ou maldade / Nossa turma de peraltas / Escalava as moitas altas / E rolava até o chão [...] Temia somente a moita / onde o cansanção acoasse / Essa ficava de sobra / Com certeza alguma cobra / No seu tronco se enlaçasse...”