Zé Calixto e sua Turma
No início da década de 60, o guitarrista Zé Calixto, morador da Cajuti, subiu o Morro dos Afogados e se reuniu no local chamado de Quadrado Alto com Meia-Guimba e os irmãos Torniquete e Alicate, moradores da área. Ali disputavam-se animadas peladas, às vezes com bola de meia.
Entre as baforadas de um cigarrão de maconha que rolava de boca em boca, Zé Calixto dirigiu-se a seus amigos:
- “A América Central de hoje está sendo submetida a uma globalização que representa uma pilhagem mais devastadora do que a que lhe foi imposta há 500 anos na época da sua conquista e colonização. O que pode ser estendido a todo o mundo em desenvolvimento”.
Todos ouviam calados e com atenção as palavras de Zé Calixto, numa demonstração de que pudessem estar chegando a conclusões a respeito do que devesse ser feito.
Continuava Calixto:
- “A nova força dominante não é o mercado, mas um estado transnacional muito mais forte que dita a política econômica a ser seguida e planeja a alocação de recursos. O FMI, o Banco Mundial, o Banco de Desenvolvimento Interamericano, a Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos, a Comunidade Europeia, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e organismos dessa natureza são instituições estatais ou interestatais de caráter transnacional que têm uma influência econômica muito maior sobre os nossos países do que o mercado”.
Após as palavras de Zé Calixto, os quatro desceram o morro, de posse de suas atiradeiras envernizadas, resolvidos a tomar o mundo de asfalto no assalto.
(O redator às vezes troca a ordem das palavras, a exemplo do que de vez em quando fazia Zé Calixto.).
Rio, 26/06/2014