Uma noite de verão...

Passa da zero hora, eu sem sono, busco um caderno de registros, releio um texto escrito numa noite de verão na praia, onde costumamos veranear desde os anos 80. Transcrevo o mesmo: "...passa da zero hora de 27 de janeiro de 1985. Eu aqui, registrando umas idéias e devaneando. Choveu forte, em algumas regiões com granizo, voltou o frio, no forte de verão. Amenizou a seca para alegria dos agricultores e da população, que sofria com o calor excessivo e a falta de água. O ar muito seco, já estava causando problemas respiratórios nas crianças. A casa de veraneio ainda não está pronta, tem os alicerces, as paredes, um banheiro, fogão à gás, móveis e utensílios , usados, o poço para tirar a água, ainda não há água encanada, a luz é precária, instalada por nós, veranistas e moradores, mas, o necessário para passar a temporada com a família e alguns amigos. Pela manhã, cedinho, rumo à praia, levando o guarda-sol e cadeiras para sentar. Um sol gostoso, um mar azul, praia pequena e aconchegante, aproveitamos muito, as crianças e jovens nadaram e. jogaram frescobol. Como não nado, curti o calor do sol, tomando um gostoso chimarrão, encantada com a grandeza e a beleza do mar catarinense. Retornamos quase ao meio dia. Enquanto o marido preparou o almoço, as crianças tomaram banho no chuveirinho fora de casa, amenizando o calor. Ao lado, lavei a roupa no tanque, máquina de lavar não havia, enquanto aproveitava para tomar mais um solzinho. Meio dia: reúnem-se todos para o almoço: camarão ao bafo, peixe frito, saladas, arroz, suco de limão. Diálogo. Risos, festa...Pela tarde, uma sonequinha e após, passeio pela orla, observando o belo por do sol ... " Lendo esse registro, comparo com os dias atuais, onde existe conforto e facilidades de comunicação, que outrora não existia. Mas, as pessoas dentro de casa, não mais conversam, todos " conectados", no silêncio. Na hora do almoço, sentam à mesa, sem aquele gostoso bate-papo que existia e nos momentos de lazer, olhando a TV ou ao celular. Essa é a realidade de hoje, com o avanço da tecnologia. O que será de nossa futura geração? Dos nossos netos? A família é a base da sociedade, sem o diálogo e o acompanhamento da Família, muito ocupada também para manter o nível de vida, não sobra mais tempo para nada, nem para os filhos. Preocupante, porque estamos formando a geração do amanhã! Será que estarão preparados para a vida? Para assumir postos hoje ocupados pela geração cuja educação foi diferente da atual, onde nem uma leitura mais é realizada, onde trabalhos escolares são copiados da Internet?

lumah
Enviado por lumah em 25/06/2014
Reeditado em 26/06/2014
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