Roteiro para a capital do livro
É sabido que os turistas costumam ter ideias exóticas. Imaginemos que um deles, atraído pelas propagandas da Bienal do Livro que ainda não foram retiradas das ruas de Brasília, resolva comprovar se a cidade é realmente a capital do livro e da leitura. Para onde devemos levar esse turista? Às bibliotecas, evidentemente. Existe uma na própria Esplanada dos Ministérios, e que inclusive faz parte de todos os guias turísticos da cidade. A biblioteca existe há meia dúzia de anos. Recentemente inovou e passou a oferecer serviços como o empréstimo de livros. Até pouco tempo era possível visitá-la à tarde nos fins de semana, mas depois se optou por reservar esse período a quem quiser fazer bagunça na área externa.
É preciso alertar o turista para que, nos dias de semana, não a visite depois das 18h, pois é quando o sol se põe, e então já não há garantia de que conseguirá enxergar os livros nas prateleiras. Recomenda-se levar cada um o seu ventilador. Os elevadores não costumam funcionar, mas a escada de emergência está em ótimas condições, apesar de um tanto escura. Em caso de empréstimo, convém digitar a senha pausadamente e, caso tenha o número 4, apertar a maquininha com um pouco mais de força.
O roteiro na capital da leitura deve contar também com uma visita à tradicional Biblioteca Demonstrativa. Ao chegar lá, o turista poderá contemplar a entrada por onde 700 pessoas costumavam passar diariamente. Verá o nome da biblioteca escrito bem grande no lado de fora e experimentará a mesma sensação de todos os que um dia também o viram. Mais ao lado, enxergará a lixeira onde os frequentadores jogavam as coisas que não queriam mais. O turista não deve se importar por não entrar na biblioteca, afinal ela é "Demonstrativa". Mas nem por isso deixa de oferecer leitura aos visitantes: por toda a fachada há cartazes protestando contra o fechamento e cobrando providências. Interditada pela Defesa Civil, era a maior biblioteca da cidade.