NEITHERSE
Em clima de esportiva competição, muita música e dança, a Copa Mundial de Futebol ocupa a copa do Brasil. Coincidentes com um dos períodos culturalmente mais característicos do “Brasil brasileiro”, as festas juninas se sobrepõem a outros estilos dentro e fora da Fifa Fan Fest, misturando a outras cores o verde e amarelo da Nação brasileiramente caipira. Nos pomposos estádios o bailado dos pés na bola; nas ruas as coreográficas danças de quadrilha.
“Contradança de origem holandesa com influência portuguesa, ilha de Açores e também inglesa, que teve seu apogeu no século XVII na França onde recebeu o nome de “Neitherse”, a quadrilha tornou-se popular nos salões aristocráticos e burgueses do século XVII, em todo o mundo. (F. Wikipédia).
No Brasil, foi originalmente chamada “Quadra de Arreais” e era parte das comemorações chamadas festas juninas. Aqui introduzida no período colonial de 1530 pelo aparato militar da época, fez bastante sucesso nos salões brasileiros no século XIX, principalmente no Rio de Janeiro a partir de 1808, então sede da Corte. Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto do povo que modificou suas evoluções básicas introduzindo outras, alterando, inclusive, a música. A sanfona (acordeon campestre) o triângulo (arte de ferro em forma de triângulo e um bastão do mesmo material, instrumento de percussão metálico) e o zabumba (tambor de grande dimensão em raio de pouca altura (Origem militar), são os instrumentos musicais que, em geral, acompanham as quadrilhas. (F Wikipédia)
Embora sejam comemoradas nos quatro cantos do Brasil, na região Nordeste as festas juninas ganham grande expressão no mês de junho quando se comemora os três santos católicos: Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29). Este período é marcado por esses festejos, quando as fogueiras são o centro para a famosa dança das quadrilhas. Os balões também compõem esta comemoração, embora cada vez mais raros em função das leis que os proíbem, devido aos riscos de incêndios. A culinária típica, especialmente a nordestina, é atração maior nas festas juninas. Pamonha, canjica, pipoca, milho assado ou cozido, bolos diversos, entre eles o “manuê de puba, o bolo de roda. Pratos apetitosos, como o arroz carreteiro, a carne de sol, o feijão tropeiro, a paçoca de carne seca, o arroz doce, o “mucunzá”, o “aloá”, além de outras tradições indígenas e africanas agregadas à nossa culinária. Infelizmente, estes costumes que tanto enriqueceram a cultura brasileira, vêm se perdendo por imposição da tecnologia e comunicação modernas. As festas juninas perderam a natural beleza caipira, para o artificialismo dos figurinos, distante da simplicidade e pureza matuta. As quadrilhas se descaracterizaram por imposição dos concursos que as estilizam em sedas, brilhos e alegorias, tal como nas escolas de samba. Já não se vê, especialmente nas capitais, o vestido de chita, a calça de brim, o puro chapéu de palha, a alpercata de couro, como na original realidade dos caipiras, sertanejos nordestinos. Quase não há o forró “pé de serra autêntico”. A este se sobrepõe, pela massificadora mídia, algo que, mesmo com várias tendências, não corresponde à original denominação. O forro degenerou-se em música, letra e ritmo, além da vulgarização temática. Metais, cordas e recursos eletrônicos invadiram-no. As letras já não falam do campo, nem do caboclo sertanejo, tampouco têm o lirismo singelo do matuto ao dizer “quando o verde dos teus oios se espaíá na plantação”. Esqueceram o “Meu cigarro de palha, meu cavalo ligeiro, minha rede de malha, meu cachorro trigueiro.” – Hoje, há um tecnoforró explicitamente pornográfico, distante de tudo que verdadeiramente traduza “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, as “Vidas Secas” de Graciliano Ramos e o “Grande sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. “Urbanizado”, o forró atual tem um descompasso irreconhecível ao baião de Luiz Gonzaga, ao Xaxado de Marinês, ao melodioso ritmo de Dominguinhos e outros autênticos representantes. Honroso destaque a Elba Ramalho, que jamais cedeu ao eletrônico pornoforró dos “Gaviões”, “Calcinha Preta” e outros do gênero, incluindo o “Universitário”. Mas, com apurada procura, ainda se encontra algo da autêntica quadrilha nas festas juninas, mesmo nos tão badalados quanto diferente forrós de Campina Grande e Caruaru. Aqui, no Planalto Central, a festa junina mais que nunca estilizou-se para um retorno à neitherse em clima de Copa na Fan fest de todos as raças, línguas, sons e ritmos.
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Vale muitíssimo conferir o link abaixo.
Um show de Luiz Gonzaga, no Teatro Tereza Raquel, no Rio. Belas músicas e prosa interessantíssima procando boas risadas. Gravação histórica.
Clique para ouvir.
https://www.youtube.com/watch?v=LDph1JxVHBM
Em clima de esportiva competição, muita música e dança, a Copa Mundial de Futebol ocupa a copa do Brasil. Coincidentes com um dos períodos culturalmente mais característicos do “Brasil brasileiro”, as festas juninas se sobrepõem a outros estilos dentro e fora da Fifa Fan Fest, misturando a outras cores o verde e amarelo da Nação brasileiramente caipira. Nos pomposos estádios o bailado dos pés na bola; nas ruas as coreográficas danças de quadrilha.
“Contradança de origem holandesa com influência portuguesa, ilha de Açores e também inglesa, que teve seu apogeu no século XVII na França onde recebeu o nome de “Neitherse”, a quadrilha tornou-se popular nos salões aristocráticos e burgueses do século XVII, em todo o mundo. (F. Wikipédia).
No Brasil, foi originalmente chamada “Quadra de Arreais” e era parte das comemorações chamadas festas juninas. Aqui introduzida no período colonial de 1530 pelo aparato militar da época, fez bastante sucesso nos salões brasileiros no século XIX, principalmente no Rio de Janeiro a partir de 1808, então sede da Corte. Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto do povo que modificou suas evoluções básicas introduzindo outras, alterando, inclusive, a música. A sanfona (acordeon campestre) o triângulo (arte de ferro em forma de triângulo e um bastão do mesmo material, instrumento de percussão metálico) e o zabumba (tambor de grande dimensão em raio de pouca altura (Origem militar), são os instrumentos musicais que, em geral, acompanham as quadrilhas. (F Wikipédia)
Embora sejam comemoradas nos quatro cantos do Brasil, na região Nordeste as festas juninas ganham grande expressão no mês de junho quando se comemora os três santos católicos: Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29). Este período é marcado por esses festejos, quando as fogueiras são o centro para a famosa dança das quadrilhas. Os balões também compõem esta comemoração, embora cada vez mais raros em função das leis que os proíbem, devido aos riscos de incêndios. A culinária típica, especialmente a nordestina, é atração maior nas festas juninas. Pamonha, canjica, pipoca, milho assado ou cozido, bolos diversos, entre eles o “manuê de puba, o bolo de roda. Pratos apetitosos, como o arroz carreteiro, a carne de sol, o feijão tropeiro, a paçoca de carne seca, o arroz doce, o “mucunzá”, o “aloá”, além de outras tradições indígenas e africanas agregadas à nossa culinária. Infelizmente, estes costumes que tanto enriqueceram a cultura brasileira, vêm se perdendo por imposição da tecnologia e comunicação modernas. As festas juninas perderam a natural beleza caipira, para o artificialismo dos figurinos, distante da simplicidade e pureza matuta. As quadrilhas se descaracterizaram por imposição dos concursos que as estilizam em sedas, brilhos e alegorias, tal como nas escolas de samba. Já não se vê, especialmente nas capitais, o vestido de chita, a calça de brim, o puro chapéu de palha, a alpercata de couro, como na original realidade dos caipiras, sertanejos nordestinos. Quase não há o forró “pé de serra autêntico”. A este se sobrepõe, pela massificadora mídia, algo que, mesmo com várias tendências, não corresponde à original denominação. O forro degenerou-se em música, letra e ritmo, além da vulgarização temática. Metais, cordas e recursos eletrônicos invadiram-no. As letras já não falam do campo, nem do caboclo sertanejo, tampouco têm o lirismo singelo do matuto ao dizer “quando o verde dos teus oios se espaíá na plantação”. Esqueceram o “Meu cigarro de palha, meu cavalo ligeiro, minha rede de malha, meu cachorro trigueiro.” – Hoje, há um tecnoforró explicitamente pornográfico, distante de tudo que verdadeiramente traduza “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, as “Vidas Secas” de Graciliano Ramos e o “Grande sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. “Urbanizado”, o forró atual tem um descompasso irreconhecível ao baião de Luiz Gonzaga, ao Xaxado de Marinês, ao melodioso ritmo de Dominguinhos e outros autênticos representantes. Honroso destaque a Elba Ramalho, que jamais cedeu ao eletrônico pornoforró dos “Gaviões”, “Calcinha Preta” e outros do gênero, incluindo o “Universitário”. Mas, com apurada procura, ainda se encontra algo da autêntica quadrilha nas festas juninas, mesmo nos tão badalados quanto diferente forrós de Campina Grande e Caruaru. Aqui, no Planalto Central, a festa junina mais que nunca estilizou-se para um retorno à neitherse em clima de Copa na Fan fest de todos as raças, línguas, sons e ritmos.
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Vale muitíssimo conferir o link abaixo.
Um show de Luiz Gonzaga, no Teatro Tereza Raquel, no Rio. Belas músicas e prosa interessantíssima procando boas risadas. Gravação histórica.
Clique para ouvir.
https://www.youtube.com/watch?v=LDph1JxVHBM