Um olhar pela janela
Há algum tempo os meus anseios deixaram de ser os anseios do mundo. As coisas que desejava antes já não são as mesmas, ficaram na lista de espera que outro dia, amassei e atirei pela janela.. Quero continuar a escrever. Não importa se não sou profissional nessa arte. Importa a satisfação de poder expressar livremente minha forma de pensar. Apraz-me falar das coisas, das pessoas, das situações que observo, que ouvi contar, vivi ou simplesmente fantasiei. Ainda que esse meu viver seja um tanto "descolorido", sem graça algumas vezes, mesmo assim é a minha vida! Para continuar escrevendo, uma biblioteca é indispensável. Acessar alguns livros antigos, outros novos, de autores consagrados ou recém lançados. Quero livros de todos os tipos. Quero (através deles) me sentir mais que uma mulher. Ser apenas uma é insuficiente. É na diversidade das leituras que, sem deixar de ser quem sou, incorporo "outras" e me sinto múltipla. Há alguns dias, no meio da noite, logo quando a lua entrou em cena e anunciou a madrugada, me vi personagem cruzando uma linda e famosa avenida em Nova York. Desacompanhada, caminhei com bastante precaução. Naquele momento era somente eu e meu mundo inacessível. Lembro que me senti muito bem. Não recordo o título, mas estive ali, e por alguns minutos coloquei meus pensamentos em ordem junto a um parque de diversão que naquele momento se encontrava vazio.
Quero nos "entardecer" poder me retirar de minha escrivaninha, banhar o rosto para refrescar as vistas e dar umas voltas nas proximidades do vale, subir o monte e ver o sol acenando no momento em que busca aninhar-se no arrebol. Embora as alternativas de vida sejam as mais variadas possíveis, essa mesma vida passa a ter outros significados quando passamos a ser adeptos da leitura.
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Ísis Dumont