DIVÃ JURÍDICO - Respeite os dramas alheios

Taí que um fato muito me aborreceu neste dia.

Inventei de assistir a um programa televisivo de aconselhamentos.

Naquela edição, fora exibida a leitura da carta de uma ouvinte assídua daquele programa.

Na cartinha lida no ar, a ouvinte relatava estar muito angustiada, depressiva, desgostosa da vida e com desejo inclusive de partir desta terra para estar no além ao lado da sua genitora, ou seja, vontade de morrer, de suicidar-se.

Meu coração mole já foi ficando pesaroso e pensei: Preciso orar por esta pessoa.

A apresentadora leu a carta, mostrou-se indiferente aos dilemas vivenciados pela jovem e em dado momento alfineta: Acho que você está querendo é chamar a atenção.

Noutro momento, a apresentadora afirma: Você não tem problemas, minha filha. Vou levar você para dar um passeio numa clínica de crianças cancerosas e aí sim você saberá o que é um problema.

Estarrecida com o que ouvi, tratei de conseguir tudo o que era e-mail e endereços da diretoria daquela rede de televisão e manifestei minha indignação, repreendendo veementemente a apresentadora, orientando-a a manusear alguns livros psicológicos, ser mais branda em seus aconselhamentos e mais sábia em usar o nome de Deus em programas de aconselhamentos.

Mostrei estatísticas acerca de suicídio, pois poucos sabem, mas se morre mais por suicídio do que por infarto de miocárdio atualmente.

Pessoas desesperadas precisam de uma palavra de consolo e não de um puxão de orelhas. Precisam de amparo, carinho e não de serem rotuladas de "coitadinhas que querem chamar a atenção dos outros".

Sempre costumo dizer que o que é um problemão para alguns pode ser quase nada para outrem, mas saibamos respeitar e compreender as dores alheias.

No meu cotidiano, me deparo com pessoas desesperadas.

Eu ouço suas demandas, seus dilemas e depois, falo: - Tem jeito, se desespere não, ouviu?

As vezes, o cliente vai falando e eu já sei que aquele nem é um problema enorme, mas deixo ele desaguar sua dores no meu "divã jurídico" e depois falo: - Vamos resolver isto rapidinho, ok? Fique tranquilo. É simples, se acalme, por favor.

Fica então uma reflexão:

Não enalteça os dramas alheios, mas também não menospreze-os.

Respeite os limites, dores e tormentos de cada um e assim vivemos melhor e mais sabiamente.

Contos e Encantos
Enviado por Contos e Encantos em 23/06/2014
Reeditado em 23/06/2014
Código do texto: T4855781
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