Estação de trem
São cinco horas da manhã e a garoa fina cai, fria como gelo. Milhões de gotinhas d’água brilham em trilhos de ferro. “Bom dia”, diz Um Homem para o Outro Homem. “Bom dia, por quê?” pensa o Outro olhando para o Um. Um Homem quieto e parado é um poste, que espera o trem na estação quase vazia.
É o trem que leva e traz toda a gente ao trabalho, ao centro da cidade a tantos lugares nenhum. É o trem que chega carregado de pop, popular, população, populacho que pula que nem pipoca por todos os bairros da capital.
Na cabeça da plataforma uma luz vermelha pisca enquanto um sinal de alerta grita: blem! blem! blem! Na cabeça, tanto do Um como do Outro Homem as idéias vão e vem, como os trens. Os trens que não têm remédio, não têm escolha. Apenas vão e vem. É preciso ir em frente. Não sair dos trilhos.
A máquina aparece na curva, lenta, grave, forte, grande, imensa. Pára a máquina. Desce um branco, uma mulata, o gordo e o magro, dois meninos maluquinhos. Uma velha, apoiada na bengala, resmunga durante sua descida que ninguém ajuda.
Chegada de uns, partida de outros. No meio de um cheiro áspero de fumaça e óleo diesel o Outro homem entra para dentro do trem. Um homem continua um poste. Concreto.
E é só quando uma moça desce a escada do vagão carregando uma mala já gasta, cabelo preso com fita e olhar de busca, que o homem-poste tem um sobressalto. Os olhares se encontram. O trem vai e os olhares vêm.
O mundo é assim... Outro Homem se foi. Um Homem está feliz.
São cinco horas da manhã e a garoa fina cai, fria como gelo. Milhões de gotinhas d’água brilham em trilhos de ferro. “Bom dia”, diz Um Homem para o Outro Homem. “Bom dia, por quê?” pensa o Outro olhando para o Um. Um Homem quieto e parado é um poste, que espera o trem na estação quase vazia.
É o trem que leva e traz toda a gente ao trabalho, ao centro da cidade a tantos lugares nenhum. É o trem que chega carregado de pop, popular, população, populacho que pula que nem pipoca por todos os bairros da capital.
Na cabeça da plataforma uma luz vermelha pisca enquanto um sinal de alerta grita: blem! blem! blem! Na cabeça, tanto do Um como do Outro Homem as idéias vão e vem, como os trens. Os trens que não têm remédio, não têm escolha. Apenas vão e vem. É preciso ir em frente. Não sair dos trilhos.
A máquina aparece na curva, lenta, grave, forte, grande, imensa. Pára a máquina. Desce um branco, uma mulata, o gordo e o magro, dois meninos maluquinhos. Uma velha, apoiada na bengala, resmunga durante sua descida que ninguém ajuda.
Chegada de uns, partida de outros. No meio de um cheiro áspero de fumaça e óleo diesel o Outro homem entra para dentro do trem. Um homem continua um poste. Concreto.
E é só quando uma moça desce a escada do vagão carregando uma mala já gasta, cabelo preso com fita e olhar de busca, que o homem-poste tem um sobressalto. Os olhares se encontram. O trem vai e os olhares vêm.
O mundo é assim... Outro Homem se foi. Um Homem está feliz.