O que eu quero?

Oh, se tu souberas que desejo egoísta perdurou em minha mente, teria pena do meu ser.

Diria ao menos que perdi a sanidade e que o mundo ao qual pertenço é inabitável.

Se tu souberas as lembranças amargas que carrego, não ousaria questionar meus desejos.

As batalhas que lutei, as guerras que travei, as vitórias que aguardei, as derrotas que suportei.

Se tu ao menos soubera o que quero, abriria teus braços e me daria um aconchegante abraço e eu veria em teus olhos a pena que sentiria por mim.

Ignorando minha mente eu me refugio nas profundas águas do coração em busca de conforto.

Se tu simplesmente souberas o que quero, diria a si mesmo que não tenho ambições, que meu futuro é incerto. Diria que no fundo, no fundo estou mentindo.

O que quero não tem definição em minha concepção. Não tem moeda ou cédula que compense.

O mundo tenta nos fazer desistir de coisas que no nosso íntimo são o que precisamos. Podem ser coisas simples, detalhes, rascunhos. Essenciais.

Não sei bem o que quero, tento dizer, mas não encontro palavras. Apenas sei que quero. Não defino, eu busco, experimento, idealizo e alimento minha vontade, o meu querer.

...Quando chove e você escuta o barulho e o cheiro de orvalho enquanto cochila enterrado nos edredons...

...Quando alguém sorri e você apercebe-se que aquele sorriso é dedicado a você...

...Quando o abraço chega e te conforta nos braços de quem amas te sufocando de carinho...

...Quanto sente a brisa tocar seu corpo enquanto relaxa numa rede e assiste os raios de luz entre os coqueiros...

...Quando o que você sente é intenso e espontaneamente uma melodia é pronunciada por sua boca enquanto banha-se...

...Quando a música descreve o que você sente...

...Quando o almoço de Domingo com a família é perfeito...

...Quanto você sorri sinceramente sem motivo algum...

O que você sente quando vivencia tudo isso?

Bem, é isso que eu quero.