O verbo está no presente.
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      O tempo é a sucessão das horas, dos dias, dos anos que envolve, para  o homem, a noção de passado, presente e futuro.
     O tempo é um meio contínuo e indefinido no qual os acontecimentos se sucedem em momentos irreversíveis.
     São com estas palavras que o dicionário de Aurélio de língua portuguesa, define o tempo.
     Um olhar investigativo pode constatar que tempo é insípido, sem cor ou aroma e não varia em gênero.
     Está em companhia da claridade do sol, durante o dia ou, da escuridão quando noite. Às vezes de ambos, nos eclipses.
     É perecível e, segundo a segundo, ocorre à transferência de um segundo do futuro para o presente e deste para o passado, de onde não mas voltarão. Não há como reavê-los.
     É nessa renovação de segundos onde está a vida, alimentada pela esperança de futuro e, as marcas eternas, gravadas pela passagem impune do tempo. Não há como castigá-lo.
     O tempo não é gasoso, mas evapora-se, tal é a velocidade da vida moderna. Pode ser concreto na pontualidade ou, relativo na impontualidade e, exige disciplina para ser bem administrado.
Não pode ser cedido, doado, emprestado, retido, confinado, engarrafado ou armazenado. Não há embalagem para ele. Não pertence a ninguém. 

     É visível através das marcas deixadas na pele dos seres animais ou, pela queda da folhagem nos vegetais.
     Os povos primitivos não lhe atribuíam grande importância, apenas o contava por quantidades de luas, e não eram necessários relógios, agendas ou calendários.
     O homem moderno o fatiou, separando-o inicialmente em três grandes fatias: passado, presente e futuro e isso impôs a flexão aos verbos.
     A ciência ocupou-se de investigar o passado: a psicologia em busca das causas dos males do presente, a engenharia em busca das raízes do conhecido para o avanço tecnológico.
     A astrologia investiga a orientação dos astros para o entendimento do perfil comportamental humano e assim, a partir do presente, construir um futuro melhor.
     A cartomancia e outras crenças especulativas, lendo ou ouvindo os sinais emitidos no futuro que interpretados e entendidos possam orientar a tomada de decisão no presente e trazer segurança no futuro.
     Justificados pelos movimentos de rotação e translação do planeta terra em torno do sol foram criados os dias e os anos: por divisão e multiplicação, os segundos, minutos, horas, semanas, meses, décadas, centenas e o milênio. Esse último servindo para causar pânico entre às gerências de máquinas equipadas com processadores de dados, devido ao “bug do milênio”, ainda não conhecido, mas esperado com muita expectativa.
     A industrialização apoderou-se da ferramenta do tempo para a padronização de processos e medição da capacidade do homem realizar trabalho, trazendo a robotização para os atuais parques industriais, bancários e comerciais.
     A ciência na construção do avanço tecnológico foi contemplada com unidades de tempo muito pequenas como milissegundos, microssegundos e nanossegundos... Assim, o homem moderno é capaz de andar, correr, navegar, voar e medir a velocidade da luz, mas o homem primitivo já andava, corria, navegava, mas não possuía asas para voar e não sabia que a luz andava, e com pernas tão velozes.
     O verbo é a palavra, a ação: a palavra e a ação estão no presente porque o presente é o único tempo existente.
 
Por EdArruda
     Produzido em 31 de dezembro de 1999 em homenagem à virada do milênio.