Crônica do herói (FASES 2 e 3)
Só não tomei as providências drásticas no início da segunda fase porque eu queria ter bastante munição para vencer a batalha. Nessa fase dois o personagem do jogo perde a segunda moto. Agora pronto, tá lascado, sem ter como fugir. Ele pegou um pedaço de madeira e meteu no vidro da porta de um carro estacionado em um acostamento. Tá vendo aí, vocês? Ele é um ladrão. Não, esse carro é dele, ele comprou. Como comprou? Se fosse dele, não precisaria quebrar o vidro para entrar. Ficaram despistando porque contra provas não há argumentos. O enjaquetado saiu em disparada, penso que baixou o pé o mais possível no acelerador. Quer dizer, quem bota pra correr é o jogador do sofá. O mocinho às avessas subia e descia, invadia a rua na contramão, pegou um casal em cima de uma moto, quebrou a vidraça de uma loja, de duas, de muitas. Invadiu um shopping, atropelou mais pessoas. Não dava mais para fingir ser boba. E então, Teteu? E então, Dudu? Eu afirmo que este rapaz é um criminoso, um bandido, vocês não podem defendê-lo mais, eu não sou boba e vou parar isto. Pra completar, vou comunicar tudo aos seus pais. Não, vovó. Agora é a terceira fase. Espere. Esperei. Nessa terceira fase, o rapaz roubou um avião e com ele fez todo tipo de manobra e piruetas, fora tantas outras misérias. Os meninos viram que não teriam mais como justificar aquele suposto herói. E já estavam preocupados porque sabiam que eu iria dedurá-los de verdade. Deixaram o herói bandido morrer em um trágico acidente de avião roubado. Claro que participei tudo aos pais e nunca mais o bandido retornou, estão os meninos sob os cuidados da direção.