COMO VIVIA
 
Mesmo no tempo em que não lembrava que era engenheira civil, e esqueci muitas outras coisas, a criatividade característica salvadora surgiu. Eu não tinha nada a fazer e resolvi fazer o vestibular de Escultura na Escola de Belas artes, que era perto de casa. Fui dispensada de várias matérias em comum com a engenharia civil, como desenho geométrico e outros.
E passei no vestibular para escultura e primeiro lugar. Nada disso foi demais nem contei para a família. Eu só queria fazer Arte, aprender. Tinha muito prazer em desenhar, coisa que toda vida fiz . Desenhava bem, com facilidade e divertimento. Foi lindo, aprendi todas as formas de escultura, de desenho artístico e pintura.
Aprendi tecelagem em teares da Escola de pedal e aprendi todos os tecidos. Tudo me encantava. Mas o que mais gostei foi da gravura em metal. Uma paixão. Participei de exposições.
Enquanto isso eu ficava alegre e criativa, nem lembrava que era infeliz. No MAM fiz aquarela e descobri a beleza da cor. Fiz gravura pequena a quatro cores, ou seja, uma placa para cada cor, que quando impressa se sobrepunham e davam tons lindos. Amo tudo isso.
Enquanto isso, nãom havia uma finalidade objetiva para mim, era a inspiração e transformação de tristeza em alegria e realização. E lia, e desenhava e bordava. Passava material de arte para meus filhos sobre a mesinha deles e ficavam disponíveis para experimentar e quisessem usar para se divertirem, a proporção que iam crescendo.
Tinha um atelier ótimo em casa, com prensa e tudo para arte.
Eu não era uma mulher feliz, mas não pensava nisso, e sempre me ocupava com a alegria dos filhos e da arte. Não me detinha na minha realidade, atendia às minhas inspirações.
Eu era assim.
Agora estão todos adultos, e cada um vive suas próprias casas.
Aos sábados meu netinho vem me ver e é a maior alegria da minha vida, e ele me ama e à minha casa. E eu o amo acima