Lembranças de um tempo

Em frente à janela da minha sala de trabalho plantei orquídeas em placas de fibra de coco.

Suas raízes vão dia a dia penetrando com vigor nas fibras, dando vida e sustentação àquelas maravilhosas plantas. Delicio-me com a beleza de suas flores. Foi olhando para esse cenário que me transportei para a minha pequena Santa Branca. Tão querida quanto a terra que nasci. Foi lá que passei momentos deliciosos da minha infância e adolescência.

Hoje percebo que aquelas vivências estão todas emaranhadas em minhas lembranças como as raízes daquelas orquídeas.

Plantas tão cheias de perfume e beleza que não podem jamais serem deixadas ao descuido, assim como as amizades, os amores e as lembranças.

Lembro-me da imagem de muitas pessoas, do modo de cada uma delas, de seus hábitos e costumes. São nítidos os detalhes das casas, ruas, bairros, inclusive das estradas que leva Santa Branca às cidades mais próximas. Algumas delas passei tantas vezes que tenho o traçado de cada reta, curva, e até mesmo das distâncias entre um lugar a outro.

Certos pontos da estrada tinham um perfume tão nítido de eucalipto com um delicioso frescor de sombra e paz. Outros tinham estábulos com o cheiro próprio do gado, com o seu devido encantamento natural. Alguns exalavam em dias de chuva, um perfume indescritível de terra molhada.

Cores e sons também ficaram nítidos na lembrança. De animais, pássaros e borboletas coloridas, de carro de boi, de monjolo, de roda de moinho, e tantas mais. São por essas e outras que posso dizer sem reservas, que essas plantas tão lindas estão impregnadas de vivências tão queridas.

João Azeredo
Enviado por João Azeredo em 18/06/2014
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