Terminar o namoro

Aquilo não podia continuar. E, para ser honesto, não deveria nem ter começado. Mas foi só depois de mais um desentendimento na frente de todo mundo que ela decidiu terminar o namoro. Precisamos conversar, ela disse. E saíram os dois, à procura de um lugar onde pudessem conversar sem serem vistos. Acabaram encontrando um banco de cimento escondido em meio a algumas árvores. Ela disse tudo: já haviam insistido demais com aquilo e agora era hora de terminar. Mas ele não concordou, disse que não precisava chegar a esse ponto, que era só ela começar a levar em conta o que ele pensa e não teriam mais discussões. Ela ouviu e depois repetiu: queria terminar e não voltaria atrás.

Essa convicção toda deixou o rapaz assustado. Porque ela era bastante insegura e costumava ceder aos seus argumentos. Agora parecia que nada era capaz de demovê-la daquela decisão. Tentou aumentar o tom de voz, dizer palavras fortes, depois renovar as juras de amor, mas tudo em vão. Ela permanecia impassível, e foi justamente isso que acabou por irritá-lo. Parecia que nem sentia aquela separação! Não sofria, não chorava, não gritava! Ele realmente preferia que ela fizesse algo assim, qualquer coisa era melhor do que ficar calada enquanto ele próprio se exasperava.

Resolveu mudar de estratégia: agora ele era a vítima que precisava ser consolada. Começou a chorar, e com isso conseguiu que ela hesitasse um pouco. Chegou até mesmo a segurar as mãos dele e fez um carinho. A essa altura, o estado dele era patético: dizia que não sabia o que iria ser da sua vida sem ela. E como seria quando soubesse que ela tem outro? Já sensibilizada, ela não sabia mais o que responder.

Até que ele se levantou e começou a caminhar. Não disse para onde iria, mas estava tão transtornado que ela teve medo que fizesse alguma besteira e correu atrás dele. Quando conseguiu alcançá-lo, contou as boas novas: já não queria terminar namoro nenhum.

E fizeram então o caminho de volta, agora de mãos dadas.