Nova maneira de fazer saliência
Lucimar trabalhava com dona Bárbara já fazia dez anos. Quando chegou do Norte foi trabalhar nessa casa e se tomou de amores pela senhora bondosa que a tratava como filha. Sempre muito agradecida fazia tudo para fazer a patroa feliz. Nas quintas-feiras era o dia da semana em que melhor podia demonstrar o seu agradecimento. Dona Bárbara recebia as amigas para um chá e, nesse dia, Lucimar se esmerava nos bolos, nas tortas, nos biscoitos e salgadinhos. Esperava as amigas da patroa como se ela mesma fosse a anfitriã. Arrumava-se toda, botava seu melhor uniforme e ia recebê-las junto com a patroa. As amigas de dona Bárbara, ao se despedirem, nunca deixavam de agradecer o convite e pedir as receitas, o que muito envaidecia Lucimar. O maior lucro dessas quintas-feiras era o que Lucimar aprendia com o papo das “madamas”. Ela sempre deixava a porta da cozinha entreaberta e foi ali que ela ficou sabendo que os computadores eram enormes quando foram inventados e que, agora, eram coisicas pequenas que faziam até mais do que os antigos. Ali também ela ouvira falar de filósofos como Aristóteles, Demócrito e Platão. Desse último ela ficou fã porque ouviu dizer que ele achava que as mulheres tinham a mesma capacidade do homem. Só era preciso que lhes dessem a mesma formação e as liberassem das tarefas de casa e da guarda das crianças. Ele achava que a educação infantil era tão importante que devia ser de responsabilidade do Estado. Foi ele ainda que defendeu a criação de jardins de infância e de semi-internatos públicos. Era graças a ele, portanto, que o filho que ela deixara no Norte com a avó, ficava numa escola enquanto ela podia trabalhar tranquila. Era uma pena que Claudinei não tivesse escutado aquilo. Ele sempre achava que era a mulher que tinha que fazer todas as coisa em casa e ainda trabalhar fora, enquanto ele ia jogar bola ou tomar cerveja no boteco da esquina. De todas as conversas ouvidas, no entanto, a que mais a empolgou foi quando as “madamas” falaram de clonagem. Esse assunto estava em todos os jornais. Ela já tinha ouvido falar, mas não entendera muito bem. Naquele sábado de folga ela chegou ao morro toda animada com a novidade. Passou na casa da Jucicleide para explicar à amiga o que era clonagem.
- Você já imaginou, criatura de Deus, mandar fazer um clone do Claudinei? Enquanto ele ia se divertir eu ficava com o clone e não ia mais brigar quando ele chegasse de madrugada, com a cara cheia e não dando mais nada.
- Amiga, se isso for verdade eu vou mandar é clonar o marido da Maribel, aquele negão gostoso. Virgem Nossa Senhora!
- Mas aí vai ser mais complicado, minha amiga. Como é que você vai pedir um pedacinho do marido da criatura pra fazer um igual? Ela vai logo ver que tu tá parada na dele e não vai nem permitir que você se aproxime do cara.
- Mas será que não dá pra tirar um pedacinho sem ela saber?
- Vai ser difícil, vai não? Pra dizer a verdade, se eu pudesse eu fazia uma misturinha, não sabe? Pegava as pernas do marido da Maribel, o tronco do Zé do pagode, o traseiro do Manel da padaria e o instrumento de produzir prazer do meu Claudinei. Ia ficar uma belezura!
- Você tinha me contado que os computadores eram grandes e evoluíram, como disse a sua patroa. Agora muita gente já tem um bem pequeno, não é?
- Isso mesmo. - Será que a evolução vai chegar também pra fazer essa clonagem?
- É claro! De repente, dentro de alguns anos, vão vender até nas cassas Bahia. É só a gente chegar e escolher: dois desse, mais três daquele. Embrulhe, por favor, mas olha...é pra presente, viu?
Segunda-feira chegou e lá vai Lucimar para o seu emprego a fim de aprender mais algumas coisas com as “madamas” elegantes que ela tanto admira. Já tinham até escolhido o tema da próxima reunião: inseminação artificial. Ela, particularmente, achava muito mais interessante a maneira normal de se fazer filho, mas essa gente rica tinha sempre umas ideias diferentes. Ela ia prestar bastante atenção. Quem sabe tem um jeito melhor de fazer saliência, né?
Lucimar trabalhava com dona Bárbara já fazia dez anos. Quando chegou do Norte foi trabalhar nessa casa e se tomou de amores pela senhora bondosa que a tratava como filha. Sempre muito agradecida fazia tudo para fazer a patroa feliz. Nas quintas-feiras era o dia da semana em que melhor podia demonstrar o seu agradecimento. Dona Bárbara recebia as amigas para um chá e, nesse dia, Lucimar se esmerava nos bolos, nas tortas, nos biscoitos e salgadinhos. Esperava as amigas da patroa como se ela mesma fosse a anfitriã. Arrumava-se toda, botava seu melhor uniforme e ia recebê-las junto com a patroa. As amigas de dona Bárbara, ao se despedirem, nunca deixavam de agradecer o convite e pedir as receitas, o que muito envaidecia Lucimar. O maior lucro dessas quintas-feiras era o que Lucimar aprendia com o papo das “madamas”. Ela sempre deixava a porta da cozinha entreaberta e foi ali que ela ficou sabendo que os computadores eram enormes quando foram inventados e que, agora, eram coisicas pequenas que faziam até mais do que os antigos. Ali também ela ouvira falar de filósofos como Aristóteles, Demócrito e Platão. Desse último ela ficou fã porque ouviu dizer que ele achava que as mulheres tinham a mesma capacidade do homem. Só era preciso que lhes dessem a mesma formação e as liberassem das tarefas de casa e da guarda das crianças. Ele achava que a educação infantil era tão importante que devia ser de responsabilidade do Estado. Foi ele ainda que defendeu a criação de jardins de infância e de semi-internatos públicos. Era graças a ele, portanto, que o filho que ela deixara no Norte com a avó, ficava numa escola enquanto ela podia trabalhar tranquila. Era uma pena que Claudinei não tivesse escutado aquilo. Ele sempre achava que era a mulher que tinha que fazer todas as coisa em casa e ainda trabalhar fora, enquanto ele ia jogar bola ou tomar cerveja no boteco da esquina. De todas as conversas ouvidas, no entanto, a que mais a empolgou foi quando as “madamas” falaram de clonagem. Esse assunto estava em todos os jornais. Ela já tinha ouvido falar, mas não entendera muito bem. Naquele sábado de folga ela chegou ao morro toda animada com a novidade. Passou na casa da Jucicleide para explicar à amiga o que era clonagem.
- Você já imaginou, criatura de Deus, mandar fazer um clone do Claudinei? Enquanto ele ia se divertir eu ficava com o clone e não ia mais brigar quando ele chegasse de madrugada, com a cara cheia e não dando mais nada.
- Amiga, se isso for verdade eu vou mandar é clonar o marido da Maribel, aquele negão gostoso. Virgem Nossa Senhora!
- Mas aí vai ser mais complicado, minha amiga. Como é que você vai pedir um pedacinho do marido da criatura pra fazer um igual? Ela vai logo ver que tu tá parada na dele e não vai nem permitir que você se aproxime do cara.
- Mas será que não dá pra tirar um pedacinho sem ela saber?
- Vai ser difícil, vai não? Pra dizer a verdade, se eu pudesse eu fazia uma misturinha, não sabe? Pegava as pernas do marido da Maribel, o tronco do Zé do pagode, o traseiro do Manel da padaria e o instrumento de produzir prazer do meu Claudinei. Ia ficar uma belezura!
- Você tinha me contado que os computadores eram grandes e evoluíram, como disse a sua patroa. Agora muita gente já tem um bem pequeno, não é?
- Isso mesmo. - Será que a evolução vai chegar também pra fazer essa clonagem?
- É claro! De repente, dentro de alguns anos, vão vender até nas cassas Bahia. É só a gente chegar e escolher: dois desse, mais três daquele. Embrulhe, por favor, mas olha...é pra presente, viu?
Segunda-feira chegou e lá vai Lucimar para o seu emprego a fim de aprender mais algumas coisas com as “madamas” elegantes que ela tanto admira. Já tinham até escolhido o tema da próxima reunião: inseminação artificial. Ela, particularmente, achava muito mais interessante a maneira normal de se fazer filho, mas essa gente rica tinha sempre umas ideias diferentes. Ela ia prestar bastante atenção. Quem sabe tem um jeito melhor de fazer saliência, né?