Eu li, veja se não é verdade
Essa semana li um texto que se intitulava:
“ O trabalho de cada um”.
Era uma vez dois primos que foram criados juntos. Aprenderam, juntos, a engatinhar, andar e fazer tudo que os meninos fazem. Eram amigos leais e devotados. Porém, com o tempo, foram se distanciando, como acontece até mesmo com bons amigos, ao saírem pela vida. Um deles dedicou-se aos livros. Descobriu prazer em aprender e estudou muito, acabando por triunfar nos exames. O outro achou que os livros não eram tão boa companhia. Faltava muito às aulas para nadar, soltar pipa e jogar bola. Ignorou os deveres e acabou fracassando nos exames.
Como, na maior parte das vezes acontece nesse mundo, a sorte sorriu ao primeiro, que se tornou Conselheiro do Rei. O segundo arranjou um emprego para ser remador no barco real.
Um dia o Rei e todos os Conselheiros reais embarcaram para uma viagem rio acima. Sentados sob um dossel, na proa do barco, onde a brisa era mais agradável, discutiam negócios do estado, enquanto o barco seguia.
O remador, vendo o primo bem à vontade com a realeza, ficou muito chateado.
- Olhem só aquele preguiçoso, espichado na sombra, enquanto eu fico aqui moendo os ossos no sol – disse para si mesmo, continuando a remar.
Por que ele tem direito de se sentar lá e eu não? Afinal nós dois não somos criaturas de Deus? Quanto mais pensava mais furioso ficava.
Começou a resmungar para um companheiro remador. Veja só, intitulam-se conselheiros, mas só ficam à toa, jogando conversa fora. Por que é que nós temos que suar tanto para puxar as carcaças deles contra a corrente? Isso não é nada justo! Eles deviam estar aqui remando também. Não somos, todos, criaturas de Deus?
Naquela noite ancoraram para pernoitar. Todos comeram e dormiram logo. O remador acordou, no meio da noite, com uma mão forte sacudindo-lhe os ombros. Era o próprio Rei.
Há um barulho esquisito vindo daquela direção – disse apontando para a terra. Não consigo dormir imaginando o que seja. Por favor, vá lá e descubra.
O remador pulou fora do barco, nadou até chegar à terra e subiu a montanha para ver o que era. Voltou uma hora depois.
- Não é nada, Majestade – disse. Uma gata acabou de parir uma ninhada de gatinhos barulhentos.
- Ah, sim, disse o Rei. Que tipo de gatinhos?
O remador não tinha olhado para os filhotes. Correu novamente morro acima e voltou.
- Siameses, disse.
E quantos são os gatinhos – perguntou o Rei.
Isso o remador também não tinha reparado. Voltou lá
- Seis gatinhos, reportou.
- Quantos machos e quantas fêmeas?
O remador correu lá mais uma vez.
- Três machos e três fêmeas, gemeu, já quase sem fôlego.
Está bem – disse o Rei - venha comigo.
Foram, pé ante pé, à proa do barco e o Rei acordou o primo do remador.
Há um barulho estranho no alto daquele morro. Vá até lá e descubra o que é - disse-lhe o Rei.
O conselheiro desapareceu na escuridão e voltou pouco depois.
- É uma ninhada de gatinhos siameses, são seis, sendo três machos e três fêmeas. A mãe deu à luz dentro de um barril revirado, logo depois de chegarmos. Os gatos pertencem ao Prefeito do vilarejo. Ele espera não ter incomodado Vossa Majestade e o convida a escolher um deles, caso a corte deseje ter um animalzinho real de estimação.
O Rei olhou para o remador e disse: eu ouvi seus resmungos, hoje pela manhã. Sim, você tem razão, todos somos criaturas de Deus. Mas todas as criaturas de Deus têm o seu trabalho a executar. Precisei mandá-lo quatro vezes ao morro para obter as respostas. Meu conselheiro foi uma vez só e me trouxe todas as repostas. É por isso que ele é meu conselheiro e você fica com os remos do barco.
Essa semana li um texto que se intitulava:
“ O trabalho de cada um”.
Era uma vez dois primos que foram criados juntos. Aprenderam, juntos, a engatinhar, andar e fazer tudo que os meninos fazem. Eram amigos leais e devotados. Porém, com o tempo, foram se distanciando, como acontece até mesmo com bons amigos, ao saírem pela vida. Um deles dedicou-se aos livros. Descobriu prazer em aprender e estudou muito, acabando por triunfar nos exames. O outro achou que os livros não eram tão boa companhia. Faltava muito às aulas para nadar, soltar pipa e jogar bola. Ignorou os deveres e acabou fracassando nos exames.
Como, na maior parte das vezes acontece nesse mundo, a sorte sorriu ao primeiro, que se tornou Conselheiro do Rei. O segundo arranjou um emprego para ser remador no barco real.
Um dia o Rei e todos os Conselheiros reais embarcaram para uma viagem rio acima. Sentados sob um dossel, na proa do barco, onde a brisa era mais agradável, discutiam negócios do estado, enquanto o barco seguia.
O remador, vendo o primo bem à vontade com a realeza, ficou muito chateado.
- Olhem só aquele preguiçoso, espichado na sombra, enquanto eu fico aqui moendo os ossos no sol – disse para si mesmo, continuando a remar.
Por que ele tem direito de se sentar lá e eu não? Afinal nós dois não somos criaturas de Deus? Quanto mais pensava mais furioso ficava.
Começou a resmungar para um companheiro remador. Veja só, intitulam-se conselheiros, mas só ficam à toa, jogando conversa fora. Por que é que nós temos que suar tanto para puxar as carcaças deles contra a corrente? Isso não é nada justo! Eles deviam estar aqui remando também. Não somos, todos, criaturas de Deus?
Naquela noite ancoraram para pernoitar. Todos comeram e dormiram logo. O remador acordou, no meio da noite, com uma mão forte sacudindo-lhe os ombros. Era o próprio Rei.
Há um barulho esquisito vindo daquela direção – disse apontando para a terra. Não consigo dormir imaginando o que seja. Por favor, vá lá e descubra.
O remador pulou fora do barco, nadou até chegar à terra e subiu a montanha para ver o que era. Voltou uma hora depois.
- Não é nada, Majestade – disse. Uma gata acabou de parir uma ninhada de gatinhos barulhentos.
- Ah, sim, disse o Rei. Que tipo de gatinhos?
O remador não tinha olhado para os filhotes. Correu novamente morro acima e voltou.
- Siameses, disse.
E quantos são os gatinhos – perguntou o Rei.
Isso o remador também não tinha reparado. Voltou lá
- Seis gatinhos, reportou.
- Quantos machos e quantas fêmeas?
O remador correu lá mais uma vez.
- Três machos e três fêmeas, gemeu, já quase sem fôlego.
Está bem – disse o Rei - venha comigo.
Foram, pé ante pé, à proa do barco e o Rei acordou o primo do remador.
Há um barulho estranho no alto daquele morro. Vá até lá e descubra o que é - disse-lhe o Rei.
O conselheiro desapareceu na escuridão e voltou pouco depois.
- É uma ninhada de gatinhos siameses, são seis, sendo três machos e três fêmeas. A mãe deu à luz dentro de um barril revirado, logo depois de chegarmos. Os gatos pertencem ao Prefeito do vilarejo. Ele espera não ter incomodado Vossa Majestade e o convida a escolher um deles, caso a corte deseje ter um animalzinho real de estimação.
O Rei olhou para o remador e disse: eu ouvi seus resmungos, hoje pela manhã. Sim, você tem razão, todos somos criaturas de Deus. Mas todas as criaturas de Deus têm o seu trabalho a executar. Precisei mandá-lo quatro vezes ao morro para obter as respostas. Meu conselheiro foi uma vez só e me trouxe todas as repostas. É por isso que ele é meu conselheiro e você fica com os remos do barco.