Esperança - A Tripulação (Parte IV)
Jonathan
Jonathan alto e brigão era conhecido por sua força extraordinária. Contavam que havia brigado com 5 homens e nenhum ficou de pé.
Era pesado, mas rápido nas ações e no pensamento. Atuava a tempo com Mestre Rodrigão e todos o respeitavam. Era rude, mas fiel e nenhum amigo seu ficava sem defesa, mesmo ausentes.
Seu divertimento quando criança era surfar, andar em grupos de bicicleta pelas redondezas da cidade. Gostava de acompanhar seu avo na venda de pescados de porta em porta.
No barco valia por dois homens na pesca e retirada dos peixes, das redes e seu armazenamento nas câmaras frias. Muitos acreditavam que Mestre Rodrigão passaria para ele o comando do Esperança, na sua aposentadoria.
Para Jonathan tanto fazia o que mais gostava era do mar, que dizia ser o seu segundo lar. E como segundo mestre embarcou no Esperança.
Mestre Rodrigão
Mestre Rodrigão nunca gostou de mulheres em seu barco, aliás, até para o namoro dizia-se que não tinha muita destreza.
Teve um grande romance, mas acabou com ele quando falou a namorada que preferia ter mais um barco a ter filhos.
Ela partiu para outra cidade. Ele para o mar.
Soube anos depois que ela estaria grávida, mas nunca procurou esclarecer o assunto.
Dizia que as mulheres traziam má sorte.
Quando na alta estação a pescaria fracassava tinha que optar por transformar seu barco em cruzeiro Marítimo, guardadas as devidas proporções.
Viagens curtas até as ilhas da região. Nestes momentos, passava o Esperança para Jonathan e ficava descansando em sua casa. Consertava as redes com os outros pescadores e preparava o material de pesca para as futuras pescarias.
Fayana
Nesta última pescaria seu filho Júlio queria levar uma amiga sua Fayana para documentar toda a pescaria, desde os preparativos até a volta. Mestre Rodrigão disse que não, mas sem a mesma firmeza na voz, como das outras vezes. No fundo sentia-se triste por parar com as pescarias e “abandonar o barco”.
Gostaria de emoldurar o seu trabalho para sempre, em fotos, vídeos, letras, não importava sentia necessidade de retratar para seus netos e amigos o gosto pelo mar e o quanto devia a ele.
Assim um tabu foi quebrado, como o tempo quebra as horas e separa os minutos entre a vida e a morte.