Bolsa de Valores

“Profit for investors is the supreme human value, to which all else must be subordinated”.

Poderíamos traduzir livremente esse enunciado de Noam Chomsky dizendo que “para os investidores o lucro é o supremo valor humano, ao qual tudo mais deve estar subordinado”.

Isto significa dizer que nesse “tudo mais” podemos incluir a moral, a decência, a justiça, a bondade, a probidade, o cooperativismo, a tolerância, a solidariedade, tudo o que não for venal, a dignidade, o respeito, os bons costumes, etc.

Em suma, muitos dos valores que aprendemos a respeitar desde criança estão subordinados ou nada representam para os investidores, isto é, para o capital, diante do “supremo valor humano” para eles, que é o lucro. A mola-mestra do capitalismo. Que tem o aspecto, por isso mesmo, de prostituição!

Não estamos querendo dizer com isso que a alternativa seja o socialismo. Até porque, como parece inevitável, tem-se a impressão de que o socialismo começa a reconhecer a necessidade de rever a partir de agora parte da sua conceituação. Desejamos apenas lembrar que tudo que aprendemos quando crianças parece perder o sentido quando nos tornamos adultos. A ponto de considerarmos como doutrina a ser seguida, ou modelo de vida, os grandes e bem sucedidos empreendedores, empresários, armadores, os industriais, os acumuladores de riquezas – em resumo, os homens (ou mulheres) que tenham dinheiro. Essas pessoas parecem superioras a nós. São as que não cometeram muitos pecados nas vidas que tiveram em outras encarnações e que por isso agora podem desfrutar de uma vida melhor.

Não obstante, decorre daí o fato de que, quando o menino na favela olha o poder que tem o traficante – dinheiro à vontade, belas mulheres, o poder de comprar a polícia, os políticos –, ele chega à conclusão que é esse o modelo a ser seguido. Mesmo porque não lhe foi dada a oportunidade de verificar, por um período que outros garotos como ele tiveram, a importância de determinados valores na vida. O que para esses garotos, dentre os quais nos incluímos, também pouco adiantou...

Rio, 15/06/2014