Vale tudo por um Projeto Político?

 
Sempre quis me filiar a um partido político, mas até hoje não consegui me decidir por nenhum. Estudo as propostas e percebo que existe algo em comum entre eles. Todos se fecham para a participação popular, pois delimitam os seus propósitos nos extremos: esquerda e direita. E não ouvem os clamores populares. Recebem os votos do povo, entretanto não ouvem as suas demandas que não são imutáveis. Hoje o cidadão possui desejos que não são ouvidos, porque os pensamentos dos políticos estão fixados nos projetos de seus respectivos partidos, muitas vezes elaborados há décadas. O brasileiro pede: saúde, educação, habitação, transporte, saneamento básico, trabalho, lazer e saúde.
O que adianta a presidenta dizer que fez mais do que governos anteriores? Que o PROUNI está distribuindo bolsas para alunos de escolas públicas aprovados no ENEM, se um milhão e trezentos jovens disputam apenas cento e trinta mil vagas? O que vai acontecer com os mil e duzentos que não serão agraciados? Qual o benefício que pode haver nas palavras da presidenta que diz que aplicou na saúde e educação um trilhão e poucos bilhões, enquanto que nas obras da copa aplicou oito bilhões? Porque nós sabemos que os bancos públicos emprestaram a complementação dos recursos, que a vontade política poderia ter sido para as políticas públicas, que houve superfaturamento nas respectivas obras e que o ex-diretor da Petrobrás foi preso novamente por desvio de vinte e dois milhões de dólares bloqueados na Suíça.
Sobretudo temos consciência que a saúde e educação estão aquém dos recursos que são gerados em nosso país. Entretanto não podemos também esquecer que o povo clama pelo direito à moradia, e os programas que estão sendo oferecidos pelo governo não atendem às expectativas. Somente em São Paulo a demanda é de duzentas mil casas próprias e a oferta do governo é de apenas cinquenta mil. Tudo isso sem falar na segurança pública, na lavagem de dinheiro que inflaciona o mercado imobiliário, impedindo o sonho da casa própria dos trabalhadores. Haja vista que o respectivo ex-diretor da Petrobrás e seus filhos compraram inúmeros imóveis com o dinheiro público.
Todavia, recentemente, depois de doze anos no poder, o governo resolveu colocar na agenda do Congresso Nacional a votação da PNE, revelando um atraso lamentável. Porém, mesmo com a aprovação de dez por cento do PIB brasileiro para a educação, corremos o risco de não colhermos os frutos da vitória, porque atualmente o PIB brasileiro está muito abaixo de 2,5%, que é o mínimo esperado para suprir as contas do governo, que atualmente paga juros sobre uma dívida de mais de 2,2 trilhões de reais. Conquanto que se o país não crescer, caminharemos para trás.
Outro agravante na gestão atual foi o envio de um decreto-lei ao Congresso Nacional, que pleiteia a regulamentação da participação popular prevista na nossa constituição. Quer regular de forma autoritária o nosso direito conquistado democraticamente. Por que não enviou um projeto de lei para ser discutido pelos nossos representantes? Os votos da oposição não têm valor? O direito de participação direta da polução no poder político esta previsto na constituição, sua regulamentação precisa ser feita democraticamente, e não de uma forma autoritária como proposta pela presidenta. Porque sua visão reflete o projeto de seu partido. É um desrespeito com o povo brasileiro que elegeu seus representantes, e somente através de ampla discussão poderia haver consenso sobre essa regulamentação.
Enfim sonho com um partido político que tenha um projeto, melhor dizendo, um anteprojeto, ou esqueleto de propostas flexíveis às demandas e clamores populares, não engessadas a ideologias ultrapassadas. Conquanto que corrupção, dinheiro na cueca, lavagem de dinheiro, obras faraônicas para a copa das copas, ditaduras, etc, vale tudo para realizar o projeto do partido. No entanto ainda tenho esperança!
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 13/06/2014
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