A Copa do Mundo e o amor ao futebol são valores inquestionáveis. Nós, brasileiros, torcemos por nossa seleção e pela vitória do Brasil. No mundo inteiro, as pessoas querem entender porque o Brasil que sempre foi considerado o país do futebol está dividido sobre esse assunto. A forma como o governo brasileiro e a FIFA se comportaram na preparação desse Campeonato Mundial de Futebol não levou em conta o necessário diálogo com a população, nem a realidade de nossas cidades. Mesmo quem não acompanhou todas as discussões sobre o evento, se solidariza com as comunidades pobres que, nas várias capitais, sofreram desapropriações forçadas e injustiças cometidas pelo poderio econômico que se apossou do processo preparatório da Copa. Ao unir Copa e a justa exigência dos seus direitos, o povo brasileiro revela que sabe exercer sua cidadania. Mostramos aos estrangeiros que o Brasil não é apenas o país do samba e do futebol. Há quem ainda pense o futebol como se fosse o correspondente moderno do circo romano, espetáculo pensado para a alienação das massas. Alguns meios de comunicação tendem a investir nesse caminho. No entanto, é bom saber: nos anos 70, no auge da ditadura militar brasileira, a Campanha pela Anistia teve seu começo por uma faixa que apareceu no Maracanã, no meio de um jogo entre o Flamengo e Fluminense. Do mesmo modo, no Chile, a ditadura do Pinochet começou a cair a partir de manifestações de torcedores no Estádio Nacional, durante uma partida de futebol.
É claro que, atualmente, o futebol não é mais o mesmo. A Copa da FIFA se tornou um dos mais rendosos negócios do mundo. E os jogadores são vendidos e comprados, como objetos de consumo. Mas, o povo é capaz de manter a consciência crítica e ganhar o jogo para a sua causa. Quem é cristão, se lembrará de uma palavra de São Paulo: “os jogadores lutam por uma copa perecível. Nós lutamos por uma copa que não passa” (1 Cor 9, 24- 25).