Maria das Dores Alheias. Uma vida vivida em função dos outros...

Tive um dia bem corrido hoje no órgão que trabaho, mas, como minha vida é cheia de surpresas, de forma coincidente, conheci uma mulher diferente de tudo o que já me deparei neste mundo velhor e enganador.

Trata-se de Maria das Dores Alheias (nome fictício criado por mim, pois não encontrei outro nome mais adequado para batizá-la).

Maria das Dores Alheias é uma mulher com 65 anos, mas com aparência de 45.

Nossa, ela é bem jovem mesmo para a idade que afirmou ter. Fiquei perplexa.

Aos 65 anos de vida ela é solteira por opção. Sim, ela é uma mulher magra, morena jambo, afeiçoada, olhos atrativos, elegante, educada e, mesmo com todos estes adjetivos, optou por dedicar sua vida em prol de cuidar da sua mãe que faleceu recentemente aos 94 anos, seus sobrinhos-netos e ser, digamos, uma pessoa disponível e sempre de prontidão para acudir à todos os seus familiares.

Maria das Dores Alheias é uma mulher diferente demais.

Questionei o porquê dela não ter decidido, como toda mulher "normal": casar, procriar, ter uma profissão, viajar, enfim, curtir a vida.

Ela, de pronto me respostou: - Olha moça, eu decidi ter uma vida dedicada ao benefício e bem estar dos outros.

Curiosa, perguntei: Você sente falta de um carinho noturno de um maridão, o afago de um filho, um bichinho de estimação para ter uma movimentação na tua casa, adotar uma criancinha, sei lá...

Ela imediatamente me respondeu: - Moro sozinha, não sinto falta de nada disto, pois sei que foi minha opção que prevaleceu.

Hoje sou o nome mais lembrado no seio da minha família e vivo em função deles, única e exclusivamente.

Fechei a boca e fiquei reflexiva pensando: - Deus, eu jamais faria uma opção destas. Sou festeira, alegre, comunicativa, tenho filhos, marido, neto, bichinhos de estimação, cuido de meus parentes, dentro, é lógico, das minhas possibilidades e limitações de tempo e condições, mas admiro a abnegação desta criatura.

Pois é, a Maria das Dores Alheias é uma joia preciosa em tempos de egoísmo, desamor e desafeto.

Ela faz o mundo ter um colorido mais bonito na vida de todos os parentes que precisam dos préstimos dela.

Será que quando ela necessitar, encontrará alguém disposto a retribuir os 65 anos de total dedicação aos seus entes queridos?

Sei lá.

Sabe Deus!

Por enquanto, resta parabenizar a heroina Maria das Dores Alheias.

Parabéns!

Contos e Encantos
Enviado por Contos e Encantos em 11/06/2014
Código do texto: T4841468
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