COPA DO MUNDO, HERÓIS, VILÕES, BRASIL. PARA QUEM VAMOS TORCER?
É bem provável que a copa do mundo tenha acontecido num momento e num local ideal. Ao sediar o evento esportivo mais popular no mundo o Brasil vai expor as feridas abertas. É o momento de revelar o quanto seus cidadãos são reféns de governos incompetentes e extremamente espoliadores. É também uma ocasião crucial para que os brasileiros possam refletir a respeito do que querem: se querem um país que cresça aos olhos do mundo ou que seja uma pátria que acolhe e proporciona bem-estar a sua gente.
Durante os dias tempestuosos entre 12 de junho e 13 de julho o Brasil tem a chance de elucidar ao mudo não somente o gingado e a graça nos gramados, mas as mazelas de um país gigante, que possui todas as condições ideias de proporcionar a seu povo uma situação bem mais favorável do que a real.
Não há excesso de emprego, há subemprego sem qualidade, sem assistência médica, sem garantia.
Não há garantia de vida, há medo em cada esquina, nas ruas e mesmo dentro de casa. Somos uma legião de espectadores às vezes exaltados, outras vezes acabrunhados aguardando por meses na fila do SUS; desesperados fugindo de uma bala perdida que pode achar nossas cabeças; embevecidos num templo chamado estádio a esperar para ver em que rede a bola vai tocar.
Afinal, para quem vamos torcer nesses trinta dias de euforia e acontecimentos nefastos?