Nem Tudo São Águas Mansas
Vandesvaldo viera do Norte do Brasil...
Enfrentara pau-de-arara, foi sem teto, sem afeto e sem eira e nem beira...
Às vezes pensava que pagava algum carma sobre o planeta, mas recusava-se a acreditar que Deus, que o criou tal qual era, fosse tão caprichoso ao ponto de colocá-lo no mundo, com todos aqueles empecilhos e limitações e ainda quisesse que ele fosse perfeito.
Não, não era isso...
O teste não era de perfeição, mas de adaptação às circunstâncias.
Ou Deus seria tão fuinha que o colocaria uma segunda vez no mesmo mundo, em escala até mais baixa, para aumentar a dificuldade em atingir um objetivo, somente para vê-lo “expiar” seus pecados?
Ah, que merda de evolução que alguns líderes religiosos do seu tempo pregam de goela cheia e peito estufado – para ele não servia.
Engoliu o seu gole de café minguado, naquela manhã de inverno gelado, deu um basta ao seu filosofar ao esmo e saiu apressado, que estava no horário e as viravoltas do mundo o impediam de seguir além...
Queria ser peixe de águas doces e calmas...
Um bacana de carrão, com motorista e guarda costas, mas era um pobre diabo e se bobeasse, na hora da janta, nem pão!
Sem confusão nenhuma e mais melindre do que era preciso, porque era “cabra macho” e já “labrado” das vicissitudes, não era mais um dia de labutas, em que as águas nem sempre são calmas, que ia fazê-lo perder a carruagem.
Deus do céu! Os homens sucumbem por tão pouco...
Uns ficam loucos e outros partem para o mundo do crime.
É preciso que se estime, para cumprir a sina e ser útil, de cabeça fresca e alma limpa.
Sim, era assim que ia ser.
Nada de dar espaço para a “coisa-ruim”...
Ali, era uma questão entre ele e Deus e nem sequer sugestão do seu desleixo, ia dar campo para a perdição.
Afinal, viera ao mundo para servir e de que lhe adiantaria sobrar inútil, entre essas paragens?
Bom era poder se semear em boas ações e permanecer no coração dos seus, uma pessoa de bem.