Lembranças da Infância
Eu tinha apenas sete anos, quando formos morar em um sítio em Mato Grosso, que papai alugou de um amigo. Lá aprendemos á lidar com a terra, plantar milho, feijão, batata, tomate, mandioca e orta liças. Tinha também quarto porcos e muitas galinhas, que eu cuidava, dando milho e quirela.
Como toda criança, era muito observadora, e costumava dar nome para elas. Entre elas uma branquinha com uma crista, eu à chamava de princesa. Quando começava distribuir milho, todas vinham correndo menos ela, que parecia correr sem direção. Então descobri que a princesa era cega. A partir daí comecei ir até ela levando a comida na palma da mão. Na minha inocência achava que podia faze-la enxergar, não sabia como.
Foi então que tive uma louca ideia do nada: cortei um talo de mamona, estava pingando aquele leite, enchi a boca de sal e assoprei sem dor nos olhos dela que caiu se estrebuchando sem parar, comecei a chorar achando que a tinha matado, fiquei muito triste desolada, quando der repente ela levantou e começou a correr sem parar. Daquela data em diante ela era sempre a primeira a chegar.
Tantos anos se passaram até hoje penso, em como conseguir essa proeza. Durante muito tempo queria que alguém pesquisasse, pois talvez pudesse ser usado até em seres humanos, mais quem daria crédito a uma criança.
Estou dividindo com todos, lembranças da infância, que ficaria para sempre na minha memória.