COMPREENSÃO. CLÁUDIO BROLIANI.
Ninguém pode enfrentar o inevitável ou explicar o inexplicável. A compreensão está em aceitar e a importância configura em ceder, não resistir, conduta inócua. Se mais letrado quem compreende, se vale de seus conhecimentos, se com menos formação irá se sustentar em seus recursos disponíveis segundo sua suficiência.
Sobrepaira a certeza de que todos, com segurança, não podem ir além dos limites impostos pela inteligência, na esteira da razão exercida, que tem barreiras severas. Tanto nos fenômenos da vida, cuja própria origem é desconhecida como causação digressiva, no primeiro movimento, quanto no âmbito da transcendência onde muitos se debatem e não possibilitam a plena oxigenação explicativa da eterna interrogação “para onde vamos?”.
O venerável São Tomás silenciou sem terminar a Suma Teológica afirmando que "tudo que escrevi é palha”. Nada é preciso dizer diante do nada que somos diante dessa afirmação da arquicadeira tomista.
Falamos a mesma língua Cláudio, mas a "interpretação pela conveniência” não compreende, resiste à inevitabilidade, faltam condições para compreender pelo espírito armado pelo exclusivismo, necessidade e conveniência, por você apontados, desvios fortíssimos para compreender. Barra enérgica impeditiva.
Compreender é atingir seu epicentro espiritual. Os vencedores conhecem as razões de sua existência, e a aceitam, pacificados, não importando o grau de conhecimento, repousam na força da unidade atingida. Descartam a ufania vã que lhes oferecem, conhecem os espinhosos caminhos da difícil plenitude, inexistente, no Vale de Lágrimas, e o compreendem. É inevitável.
Sabem que a compreensão é recepcionada pelo conhecimento, com ou sem estrutura acadêmica ou mesmo estudo preparatório, conhecem os sinais, que trazem clareza para as tortuosas vertentes da vida, e por isso se fundamentam na razão limpa, indene dos vícios da personalidade.
“O que há de superior em ti?
Que é que possuis que não tenhas recebido?
E se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesse recebido?”
Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, cap. 4, vers. 7.
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EMAIL DO CLAUDIO BROLIANI, SEMPRE ESTIMULANTE.
"Caminho árduo esse caro Celso, Horácio assinalou "SAPERE AUDE", então, essa compreensão necessária e aceitação que se deve ceder, é só o começo, só o primeiro passo e se desenvolve ao nível individual de cada ser, independe de profundidade de conhecimento e sim do meio no qual ele se estabelece e do qual pode usufruir e se beneficiar, compreende pela necessidade de integração, cede pela força da necessidade e interpreta pelo prisma da conveniência. Em uma raça na grande maioria ensimesmada, de hábitos viciados, que escorrem em sentido único e exclusivista e assim é a humanidade, a compreensão passa pelo interesse individual, compreendo e avalizo tudo aquilo que me é benéfico, isso quase como uma regra de sobrevivência estabelecida mesmo que rivalizante a razão clara de que pouco ou nada sabemos com certeza, o que por vezes se torna conflitante com o que queremos. E decorrente desse querer, mesmo o que não se pode ter, que é o domínio sobre o conhecimento para melhor interpretação e por fim aplicação do mesmo, torna o ceder tão difícil, de forma consciente ou inconsciente a mecânica natural de interiormente e intimamente nos aceitarmos e suportarmos dentro dessa verdade, depende do desequilíbrio que esse encontro com nossa ignorância venha a gerar, a negação do fato é a defesa consciente da nossa vaidade inconsciente. Abraço, Cláudio."