O Tempo e o medo.
O tempo muitas vezes nos enclausura a compromissos adiáveis. Somos dessa maneira não escravos do tempo, mas temerosos sobre as ações deles. O tempo não impede o envelhecimento físico, mas cria intransponíveis barreiras. Sonhos são abortados, desejos reprimidos pela simples escravização que impomos a nós mesmos. Usamos o Tempo como paliativo contra nossos interesses. Não somos escravos do tempo, mas prisioneiros dele, pelas infinitas oportunidades que não nos damos, por sempre estarmos ocupados demais com vãs filosofias. Perdemo-nos infinitamente da razão e da coerência presos a invisíveis fios inquebrantáveis. Abortamos nossa melhor parte, a emoção é relegada a segundos e terceiros planos movidos por incomensuráveil receio de encontrar nossos próprios medos. Forjamos criaturas medonhas e assustadoras que justifiquem nossos atos pelo simples medo de nós mesmos. O medo impulsiona muitas vezes ao fracasso, pelo receio demasiado do erro. Muitas vezes ferimos os corações alheios e nem nos damos conta. Ferimos com palavras, com atitudes, e mesmo com silêncios. Próprio da raça humana expor-se à perigos e riscos cientes dos acertos e erros. Não se pode calar o coração quando a alma grita, nem emudecer a lágrima, ainda que com isso nos sintamos culpados. A dor da desistência supera seguramente a do medo de tentar, ainda que com isso causemos alguns contratempos em busca da felicidade.
E esse mesmo medo do desconhecido poderia nos impulsionar sempre adiante das adversas situações cotidianos, e nos permitir falhas e atos impulsivos.
Descobriríamos afinal que somos limitados por nossos próprios receios, por ideias pré- concebidas de um fracasso eminente, forjadas por pessoas que levaram adiante as lágrimas, os receios e que deram simplesmente vazão às suas mais tenebrosas fantasias, seus mais assustadores inimigos.
Perceberíamos enfim que do medo faz-se a coragem, que nenhum sucesso seria realmente importante se não corrêssemos perigos de um fracasso possível. E então todo o esforço teria valido a pena, independentemente das conquistas obtidas com honras e glórias, mas com a certeza de que fizemos a diferença, que somos importantes demais para que, movidos pelo simples medo abandonássemos nossos mais puros e cintilantes sonhos. Que o tempo afinal, não foi nosso mais cruel inimigo, mas nosso mais fiel sustentáculo rumo a felicidade.