O sofredor passivo
Se os outros nos maltratam ou escravizam, não é apenas porque eles são egoístas e cruéis, mas também porque permitimos, assumindo o papel de sofredores passivos, não exercendo o nosso direito de sermos tratados como pessoas humanas dignas nem impedindo que o poder de gente espaçosa e aproveitadora se expanda sobre nossas vidas.
Ser sofredor passivo, deixando que nos humilhem e imponham suas vontades sobre nós sem nos defendermos não nos tornará melhores em nenhum aspecto. Pelo contrário, irá nos amargurar, transformando-nos em pessoas infelizes e insatisfeitas. Por que, pensemos bem, os outros podem se divertir ao passo que nós temos que permitir que atrapalhem nossas vidas e nos impeçam de viver? Por acaso, está escrito em algum lugar que, para se alcançar o Paraíso, tem-se que ser o eterno mártir, o coitado incompreendido, aquele que todos passam por cima e não respeitam? Não podemos esperar que ninguém saiba o que estamos sentindo ou precisamos. Falemos, digamos o que pensamos e sentimos para que entendam que não somos burros de carga, em quem podem jogar inúmeras responsabilidades em cima dos ombros e tratando como se não tivéssemos o direito de ser respeitados.
Ficar eternamente de cabeça baixa não é nobreza, mas comprovada burrice, pois nos impedirá de crescer na vida, de desfrutar os dias e de mostrarmos as pessoas boas e dignas que somos. Portanto, não aceitemos mais que abusem de nós, maltratem-nos e nos humilhem.